quinta-feira, 28 de maio de 2009

A CULTURA DA DIFICULTAÇÃO

Reginaldo de Oliveira

Publicado no Jornal do Commercio em 28/05/2009  = A011

ARTIGOS PUBLICADOS

Segundo a definição clássica sistema é um conjunto de elementos que têm entre si relações e que atuam segundo um objetivo. Um sistema inteligente e bem estruturado é composto por um número imenso de variáveis que se inter-relacionam umas com as outras formando uma longa cadeia de fluxos de informações. Os sistemas também são compostos por subsistemas que possuem dinâmica própria - algo semelhante a um organismo vivo o qual é composto de órgãos, os órgãos de células, as células de estruturas menores, e assim por diante. A ação de um corpo vivo em movimento é resultado de uma superestrutura de processos desencadeados simultaneamente e que acontecem em perfeita harmonia e sincronização. Esse conceito se aplica perfeitamente ao funcionamento de uma organização, sendo ela econômica ou não. Para se buscar níveis de excelência nos processos produtivos e organizacionais é importante uma atenta e crítica observação do comportamento das variantes sistêmicas. A desatenção aos detalhes resulta numa multiplicidade de disfunções que acaba comprometendo a produtividade.

 A tecnologia da informação, assim como todo um arsenal de conhecimento disponível nas mais diversificadas mídias deveria prover meios de desenvolvimento de métodos inteligentes de trabalho. Infelizmente, não é bem isso que a nossa prática diária revela como, por exemplo, planilhas utilizadas para organizar grandes volumes de dados e que depois de prontas requerem uso de calculadora para se obter algumas informações relevantes. Ou então a falta de cuidado quanto à organização de documentos referentes a retenções de imposto de renda na fonte que à época da apresentação da DIRF provoca um rebuliço e estresse absolutamente desnecessários. Outro exemplo de vetor que consome os nervos e compromete o desempenho do trabalho são os aplicativos apinhados de restrições às demandas dos usuários. É um tal de “não faz isso”, é “um não faz aquilo” ou “o sistema é assim mesmo” ou então “você tem que se adaptar ao sistema” etc. Interessante é que esse tipo de coisa acontece justamente nos top dos top. Enquanto isso, outros aplicativos médios que custam cem vezes menos dão uma impressionante agilidade e produtividade ao usuário.

 Existem ambientes organizacionais que mais lembram a casa do espanto devido a tantos sustos que sofrem os desavisados ou por seus armários estarem cheios de esqueletos. Um ambiente desse tipo desenvolve a curiosa capacidade de criar problemas numa escala espantosa, sendo que muitos deles conseguem a façanha de produzir nós indesatáveis. Alguns membros dessas organizações transmitem a impressão de estarem sempre embaralhando as coisas, complicando tudo ao seu redor e se regozijando diante do caos. Ao observador atento fica a sensação de estar sendo acometido de crises de paranoia ao se deparar com tantos absurdos.

 Algumas perguntas ficam no ar, tais como: Por que isso acontece? Ou, como se chegou a esse ponto? Ou ainda, o que fazer diante desse quadro desalentador? Talvez as respostas sejam difíceis de serem encontradas enquanto as pessoas estiverem mergulhadas no embriagante caldo desorganizacional. Seus modelos mentais foram sequestrados e seus discernimentos comprometidos. Será preciso um choque para que todos possam acordar dessa letargia de paradigma.

 Fenômenos assim ocorrem quando não há um firme centro de comando ou quando muitas eminências pardas atuam nos bastidores. Os descompassos e solavancos derivados da falta de gestão profissional provocam sérios desarranjos nos fluxos de trabalho além de desorientar a produção de informações e comprometer toda a estrutura funcional.

 A solução para esse estado de coisas começa por uma atitude firme que alguém deve tomar. Alguém precisa tomar o leme nas mãos e botar ordem na casa; chutar o pau da barraca, dar um soco na mesa e falar grosso. Se for necessário, contratar um serviço especializado para ajudar a empresa a retornar aos trilhos da boa gestão. Melhor ainda, desenvolver um programa de gestão profissional e convocar todos para salvar a empresa da falência. A maioria, com certeza, estará disposta a ajudar, visto que é o emprego de todos que está em jogo.





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