terça-feira, 26 de junho de 2018

CAUSA MAIOR DO ATRASO BRASILEIRO



Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio  dia  26 / 6 / 2018 - A 212R

Um estudo publicado na Folha de São Paulo traz uma série de dados desanimadores sobre o impacto negativo da baixa qualificação profissional na economia do país. São necessários quatro brasileiros trabalhando intensamente para atingir o mesmo nível de produtividade do norte americano. Esse estado de coisas evidencia um quadro preocupante duma nação ansiosa por ingressar no clube das grandes potências. Segundo a reportagem, nossa média de estudo é de sete anos enquanto que nos EUA são de 12 a 13 anos. Isso, sem considerar a expressiva diferença da qualidade do ensino. Muitos brasileiros pagam o boleto da faculdade não para aprender e sim para obter o diploma. Por isso é que nunca ganhamos e nunca ganharemos um premio Nobel se persistirmos na mesmice. Não bastassem tantos desatinos, ostentamos um dos menores níveis de investimento em pesquisa e desenvolvimento tecnológico do planeta; as universidades estão sucateadas e abarrotadas de empecilhos que dificultam as atividades mais elementares. Outro fator destoante está relacionado à média de treinamento anual que recebe um trabalhador americano (140 horas) de um brasileiro (30 horas). O trabalhador paraguaio dá um banho de produtividade no seu vizinho de fronteira que não quer estudar. Os problemas se acumulam, uma vez que outros indicadores ruins contribuem para reduzir os nossos índices de desenvolvimento humano a níveis vergonhosos, tais quais: juros altos, burocracia extremada, tributação enigmática, corrupção sistêmica etc, etc.

Tantas dificuldades só isolam o Brasil da comunidade internacional. Enquanto corremos atrás do próprio rabo nos engalfinhando com joguetes políticos, o resto do mundo se apressa na correção de entraves econômicos e sociais para angariar vantagens competitivas. Sofremos de um mal incurável, que é o apego a discussões infinitas que levam a lugar nenhum (o quadro caótico da segurança pública sintetiza essa dissensão). Nossos políticos não decidem nada; juízes colam os glúteos em processos de vital importância para a segurança jurídica; corruptos debocham do povo na maior cara de pau etc. Com tantas engrenagens desalinhadas, o Brasil tem como única prioridade a copa da Rússia; todas as mídias se dedicam exclusivamente a esse assunto. O STF e os políticos estão torcendo pelo hexacampeonato, porque, dessa forma, o povo vai deixar o corrupto roubar em paz. Não por acaso, o governo russo segue nessa mesma linha demagógica, que se traduz em aumento de impostos enquanto o povo mergulha no deslumbre festivo.

Voltando às vacas magras da capacitação profissional, segundo a Folha, o baixo nível profissional no Brasil é destacado pelo Pesquisador Fernando Veloso, da FGV/Ibre, como um dos mais graves problemas para uma economia que precisa crescer e aumentar o padrão de vida da população. Daí, que, pelo menos nesse quesito, temos o poder de fazer a diferença. A palavra de ordem é CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL intensiva. Toda empresa deveria incorporar o espírito do aclamado escritor Peter Senge e das suas proposições sobre Organizações do Aprendizado. Ou seja, já que o sistema educacional regular não cumpriu com o seu papel, só resta então ao empresariado terminar a construção desse profissional incompleto. O jeito é investir pesado num programa constante e abrangente de treinamentos, palestras, oficinas, jogos educativos etc. Alguns céticos podem até achar que é um erro despender tanto dinheiro nesses projetos, mas aqueles dirigentes antenados estão encontrando nessas iniciativas, a saída para a crise financeira. O raciocínio é muito simples: um empregado bem qualificado produz mais e com melhor qualidade. Ponto final.

Assim sendo, o departamento ou sala de treinamento deve ser tão importante quanto o departamento comercial. Daí, que toda empresa deveria dispor de uma sala de aula para ser utilizada com frequência. Mesmo porque, qualquer evento educativo deixa marcas no aluno, fomentando sua disposição para construir uma sinergia com seus pares.

No jogo dos negócios ganha o mais bem preparado. Mas, infelizmente, o que observamos nos ambientes corporativos é um monte de gente batendo cabeça ou correndo dum lado para o outro enquanto a empresa paga caro pela incompetência do seu corpo produtivo.






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