Publicado no Jornal do Commercio dia 18/12/2012 - A105
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Atualmente, fala-se muito sobre eficiência gerencial, sendo que as empresas cada vez se desdobram na incansável busca de níveis mais elevados de qualidade dos seus processos operacionais. A maioria dos gestores concentra sua atenção na suposta lucratividade e na liquidez, deixando de lado o aspecto patrimonial do negócio. Essa visão patrimonial é primorosamente fornecida pela contabilidade. Ao contrário do que muitos pensam, controle patrimonial não está relacionado somente ao Ativo Imobilizado, visto que patrimônio é tudo aquilo mensurável monetariamente, tais quais edificações, estoque, valores a receber de clientes, créditos tributários, saldo positivo de bancos, aplicações financeiras etc. Outro fato curioso que ocorre nos gabinetes de diretoria é a forma desconexa de análise dos eventos econômicos e financeiros. Ou seja, verifica-se de um lado o relatório de venda e do outro lado o relatório de contas a pagar. Outros tipos de relatórios até podem ser verificados, mas frequentemente fica no ar aquela sensação da falta de algo muito importante; da falta “daquela” informação estratégica. Fica aquele clima de que alguma coisa está oculta.
Ao
corpo de uma pessoa não pode faltar nenhum pedaço, por menor que seja. A
amputação do dedo mínimo é um inequívoco sinal de deformidade. Assim é a
estrutura dos demonstrativos contábeis. A extirpação de um determinado valor do
Balanço Patrimonial ou da Demonstração de Resultados evidencia de imediato uma
deformidade aritmética. Para se modificar a estrutura dos demonstrativos
contábeis é preciso interferir no conjunto de registros e rearranjar a forma de
como estão dispostos. Tal procedimento exige habilidade profissional para que o
encadeamento das conexões contábeis seja preservado, mas sempre lembrando que
tais registros são reflexos fidedignos de fatos suportados por evidências
documentais. Alguns chamam a isto de engenharia contábil. Não deixa de ser,
visto que uma estrutura contábil é a construção formada de elementos que se
harmonizam e se conectam fortemente uns aos outros. Portanto, nenhuma fraude
contábil é perfeita o suficiente que possa passar despercebida pela análise de
uma equipe de peritos contábeis de altíssimo nível técnico. E isso se deve ao
inquebrantável método das partidas dobradas, que é a base da ciência contábil.
A
contabilidade é, portanto, um instrumento poderoso de controle e de amarração
num só bloco de todos os fatos patrimoniais que ocorrem numa empresa. O Balanço
Patrimonial mostra, de um lado, os bens e direitos. E do outro lado, as dívidas
para com terceiros que financiam as operações da empresa, além do resultado do
confronto desses dois grandes conjuntos de informações, que é representado pelo
patrimônio líquido. Por isso mesmo é que o alvo da ação contábil é o patrimônio
e suas mutações num determinado período de tempo. Ou seja, além da receita e
além dos custos, o que importa é verificar se o patrimônio está se expandindo
ou definhando. Assim, a atenção do sócio deve ser voltada primeiramente para a
preservação do seu patrimônio e como o mesmo está sendo administrado. É
importante também que o sócio tenha acesso ao detalhamento da capacidade do
patrimônio de continuar gerando benefícios financeiros no futuro. E, além disso,
saiba ainda do limite previsto de exaustão e tenha conhecimento dos programas
de manutenção da capacidade produtiva. O sócio que recebe informações do
administrador, muitas vezes somente de receitas, corre sério risco de ver seu
patrimônio desaparecer da noite para o dia. Da mesma forma, a falta de controle
e de acompanhamento dos fenômenos patrimoniais bloqueia a visão do
administrador quanto a dilapidação dos bens da empresa que fortuitamente possa
está acontecendo debaixo das suas barbas.