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terça-feira, 28 de novembro de 2017
TREINAMENTO ICMS SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA ((20 e 27 janeiro))
Sou Contador e Professor do Ensino Superior. Sou apaixonado pela desconstrução das interpretações do mundo.
Esse blog é dedicado aos meus artigos publicados no Jornal do Commercio e na Revista Editor Fiscal.
INSANIDADE NORMATIVA DOS ENTES FAZENDÁRIOS
Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 28 / 11 / 2017 - A 315
Na
semana passada, a Receita Federal publicou a Instrução Normativa RFB 1761 que
criou a Declaração de Operações Liquidadas com Moeda em Espécie (DME). O
contribuinte que receber valores em espécie de 30 mil reais ou mais será
obrigado a elaborar um relatório mensal extremamente complicado e detalhista,
ficando sujeito a pesadíssimas multas se errar uma vírgula no processo de tal
elaboração. É bom lembrar que o contribuinte já era e continua sendo obrigado a
cumprir obrigação semelhante junto ao Conselho Nacional de Atividades
Financeiras (COAF). Essa nova exigência normativa (DME) chega para tumultuar
mais ainda a já sobrecarregada burocracia que sufoca a operacionalidade das
empresas. Estudos do Banco Mundial apontaram a carga de 2.600 horas gastas pelo
brasileiro para o registro e controle de obrigações acessórias, enquanto que no
Reino Unido esse índice é de somente 110 horas. Ou seja, estamos atolados até o
pescoço num lamaçal pantanoso criado por burocratas irresponsáveis. Essa dita
DME vem jogar mais lama na cabeça do empresariado. É de se lamentar que as
agências fazendárias, NUNCA, jamais, fazem algo de bom para conferir um pouco
de racionalidade ao caótico sistema tributário; dia após dia, elas estão sempre
empurrando invencionices goela abaixo do esculachado contribuinte.
Essa
DME, nada mais é do que pura demagogia; é uma forma dissimulada de responder ao
caos institucional promovido pelos escândalos de corrupção que assolam o país.
Toda vez que a coisa começa a feder muito, o governo inventa uma nova
burocracia para dizer que vai diminuir a roubalheira perpetrada por agentes
públicos. Depois, lá, na frente, descobre-se que em vez de diminuir, a
bandidagem aumentou pra caramba.
O
fato é que a Receita Federal NUNCA pegou nenhum corrupto de grosso calibre. E o
pior de tudo é que os bilhões já desbaratados pela operação Lava-Jato
representam menos de 1% do dinheiro roubado por agentes públicos. A corrupção
brasileira é um vício inerente a toda e qualquer ação de qualquer agente
público; uma coisa é parte indissociável da outra. Gestão pública no Brasil é sinônimo
de rapinagem. Por isso é que partidos de todas as colorações se digladiam por
pastas de gordos orçamentos.
O
senso comum diz que a Receita Federal se transformou numa entidade TOTALMENTE
desmoralizada porque persegue somente o passageiro que ultrapassa um dólar na
cota do produto importado trazido na mala. O produto é confiscado e o
contribuinte autuado com todos os rigores da lei. Mas o político pode
tranquilamente movimentar bilhões de reais sem manifestar qualquer preocupação
com Receita Federal ou com qualquer órgão oficial de controle financeiro. Esse
político bandido (pleonasmo) sabe que todas essas entidades são corruptas. E a perdurar
tal modelo vicioso, NUNCA, nem um só corrupto será apanhado nos tecnológicos e
sofisticados controles da Receita Federal e do COAF.
Voltando
ao ciclo malicioso da nossa infernal burocracia, nenhum funcionário de nenhuma
agência fazendária conhece 100% das normatizações que eles mesmos criam, nem
também oferecem solução para 100% das dúvidas que podem surgir a partir da
aplicação do texto legal. Na realidade, ninguém sabe de nada. Mas o
contribuinte é obrigado dominar plenamente cada vírgula das 400 mil normas
tributárias publicadas nos últimos 29 anos; também, é obrigado a trabalhar com
100% de certeza sobre todos os possíveis desdobramentos da legislação em vigor.
Um erro interpretativo de 0,0000000001% sobre a maçaroca presente nos diários
oficiais pode resultar em punições milionárias. Ou seja, o empresário vive
permanentemente à beira do abismo, dirigindo um carro sem freios. Enquanto
isso, funcionários públicos e legisladores mantém o hábito rotineiro de cavar
buracos numa estrada já muito perigosa.
Podemos
comparar o empresariado com o sapo boiando na panela de água fria que é
colocada no fogão. A água vai aquecendo, esquentando e fervendo até o sapo
morrer cozido. Isso acontece porque o dito sapo, em vez de reagir prontamente,
fica num tremendo esforço de adaptação ao clima ruim que só piora com o passar
do tempo. Quando a desgraceira torna-se irreversível, nada mais pode ser feito.
O estado caótico do Rio de Janeiro é o prognóstico da desgraceira que nos
aguarda na esquina. Poderemos morrer cozidos ou tomar uma atitude corajosa.
Agora.!!
Sou Contador e Professor do Ensino Superior. Sou apaixonado pela desconstrução das interpretações do mundo.
Esse blog é dedicado aos meus artigos publicados no Jornal do Commercio e na Revista Editor Fiscal.
quarta-feira, 22 de novembro de 2017
ALGO DE PODRE NO REINO TRIBUTÁRIO
Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 22 / 11 / 2017 - A 314
Na
semana passada, um movimento organizado por motoristas comprometeu o
abastecimento de combustíveis de pelo menos 60 cidades goianas. O bloqueio das
distribuidoras ocorreu em protesto contra a prática escandalosa de preços
abusivos. Não é pra menos. Somente em 2017 o aumento já passou dos 40%,
chegando a R$5,00 por litro. Ou seja, o cidadão engoliu tanto sapo que acabou
explodindo de tanta indignação. O fato mais curioso dessa rocambolesca história
de abuso econômico está na falta de discernimento da mídia em geral, que
simplesmente repete a ladainha da Petrobras sobre “ajustamento da cotação
internacional etc.”. Quase ninguém volta os olhos para a raiz do problema, que
é o monstruoso peso tributário depositado no lombo do esculachado consumidor.
O
site de notícias R7 obteve acesso à composição de preço dos combustíveis. Conforme
levantamento da Petrobras, quando o consumidor abastece o carro com 100 reais,
ele paga 31 reais pela gasolina misturada com etanol; ele paga 29 reais de
ICMS, paga 10 reais de CIDE e também paga mais 30 reais de PIS COFINS (site: t.co/rUIVHtLy2P).
Isso significa que, do preço de R$5,00 pago ao frentista por um litro de
gasolina, somente R$1,55 é gasolina. O restante (R$3,45) é puro imposto. Se
tomarmos R$1,55 como base de cálculo, chegamos à inacreditável carga tributária
de 223%. Desse modo, a cada 3 litros pagos pelo motorista, 1 litro vai para o
tanque do carro e 2 litros vão para os cofres do governo na forma de impostos. Ao
gastar 300 reais de gasolina, o contribuinte estará pagando 200 reais de
imposto. A prova cabal dessa discrepância está no site acima descrito, que
relata a venda de gasolina para a Bolívia ao preço de R$1,59 o litro. Esse valor
é reduzido porque a nossa legislação não permite exportar imposto.
Publicação
do site fecombustiveis.org.br aponta a carga tributária de 13% sobre a gasolina
norte americana. Ou seja, a carga tributária brasileira é simplesmente 1.615% maior
do que a suportada pelo motorista dos Estados Unidos. Isso é motivo mais do que
suficiente para deflagração duma guerra civil no país. Alguns estudiosos afirmam
que o percentual de 50% é a fronteira do confisco. Isto é, qualquer carga que
ultrapasse esse limite pode ser considerada um ataque confiscatório. Detalhe
importante: Vários outros produtos de consumo suportam um peso tributário muito
maior do que o da gasolina. Perfumes importados pagam 900% de impostos. A grande
malandragem do super ultra maquiavélico governo está no modo de passar essa
informação para o consumidor. A tática embusteira consiste em misturar produto
com imposto e depois dizer que parte da mercadoria é tributo. Por exemplo, a
carga oficial do refrigerante é de 50%. Isso significa que numa garrafa de 4
reais, metade da bebida é imposto. Agora, se separarmos uma coisa da outra,
teremos o refrigerante de 2 reais que paga o imposto de 2 reais. Conclusão: a
carga verdadeira é de 100%. Essa é a malandragem oficial.
Qual
é a razão dessa mistura? É muito simples. O consumidor só enxerga uma coisa,
que é o preço estampado na etiqueta do produto. Essa informação é fraudulenta pelo
fato de uma coisa ser travestida de outra. Ou seja, o consumidor compra imposto
como se fosse produto.
Já,
que o tributo é escondido do consumidor, o governo pode promover sucessivas e
intermináveis majorações da carga tributária sem que isso seja de conhecimento
público. O aumento do imposto é sempre repassado ao preço do produto, fazendo
com que o consumidor acredite que a culpa é do comerciante.
DESCONTO PARA GRUPOS DE ALUNOS
Sou Contador e Professor do Ensino Superior. Sou apaixonado pela desconstrução das interpretações do mundo.
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segunda-feira, 13 de novembro de 2017
Horizonte de turbulências na reforma trabalhista
Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 14 / 11 / 2017 - A 313
O
Brasil é campeão mundial de ações trabalhistas. Segundo estudo do Professor
José Pastore (FEA-USP), o nosso volume de processos em tramitação é de 3,9
milhões (ano 2016) enquanto que no Japão é de apenas 3.500 (ano 2009). Nos
Estados Unidos são 110 mil processos (ano 2016). Só chegamos a essa cifra
espantosa devido ao caos jurídico/institucional estabelecido no país. Ou seja,
a coisa foi crescendo, degradando até se transformar numa monstruosa indústria fomentada
por gananciosos personagens. E é justamente esse pessoal que está radicalmente
contra as novas regras trabalhistas que entraram em vigor agora, dia 11. Assistimos
à movimentação de grupelhos facciosos que gritam bem alto e que, por isso
mesmo, estão conseguindo plantar a semente da desconfiança na cabeça do
trabalhador. Tal fato suscita uma imediata e pronta reação da classe patronal,
que tem que se posicionar a favor das mudanças. O empresariado deveria estar
também gritando mais alto em favor dessa minirreforma trabalhista.
A
CLT, como todas as outras legislações, é confusa, subjetiva, maliciosa e
engessante. Essa coisa de direito pra cá e direito pra lá, acabou por
estabelecer um clima beligerante nas relações de trabalho. Patrões e empregados
estão sempre em lados opostos, como inimigos no campo de batalha. Cada
funcionário simboliza um potencial risco de danos patrimoniais porque na
Justiça do Trabalho tudo é muito incerto e parcial. Bizarrices de todo tipo
ganham espaço nos tribunais, como é o caso do pedido de indenização por fimose
adquirida no posto de trabalho.
Curiosamente,
milhares de brasileiros renunciam aos tais direitos trabalhistas para morar nos
Estados Unidos, onde não há direito quase que nenhum. Isso acontece, talvez,
porque os nossos direitos estão acompanhados duma brutal voracidade tributária.
Por exemplo, o empregador arca com um custo mensal de 6 mil reais com um
empregado, mas depois de tantos encargos e descontos, sobra para o trabalhador
somente 2 mil reais.
A
Lei 13467 vem quebrar um pouco do enrijecido sistema de normas trabalhistas. A grande
expectativa está na formalização de contratações impossibilitadas pelo regime
anterior, que de tão caquético, só servia para empurrar todo mundo para a
informalidade. Por exemplo, o dono do restaurante era obrigado a fazer
contratações irregulares no final de semana porque a CLT não permitia o
trabalho intermitente. E meio mundo de operações ilegais vinha acontecendo
porque a dinâmica social e empresarial é absolutamente incompatível com um
modelo anacrônico criado por legisladores suspeitos de corrupção.
O
fato é que, de agora em diante, iremos atravessar uma zona de muita
turbulência. A mudança impacta vários procedimentos que as empresas estavam
habituadas. A Lei 13467 aponta para um ambiente de muitos acordos e negociações
mais diretas. Só que, pelas discursões que estão se desenvolvendo, todas as empresas
deverão adotar um regulamento interno sobre ética e conduta profissional; uma
espécie de compliance. Caso a empresa não faça isso, ela confrontará muitos
dilemas ou antagonismos sobre decisões conflituosas. Portanto, será melhor já
definir um conjunto de regras gerais para todas as situações previsíveis.
Na
semana passada a Consultoria Cyjuman realizou mais um ciclo de palestras sobre
a Reforma Trabalhista. A equipe de diretores e funcionários destrinchou o
assunto com maestria e pleno domínio do assunto. No evento, que durou uma manhã
bastante produtiva e esclarecedora, foi trabalhado ponto a ponto, cada uma das
modificações normativas, onde foram levantados muitos questionamentos e seus
novos tratamentos daqui pra frente. O evento era restrito aos proprietários das
empresas clientes da Cyjuman. Na realidade, essa prática educativa deveria ser
comum a todas as firmas de contabilidade. A Cyjuman está constantemente
oferecendo palestras e treinamentos para seus clientes, para seus próprios
funcionários e também para os funcionários dos seus clientes. Na Cyjuman, todos
estão sempre em busca do alinhamento com as modificações normativas. O próximo
evento é sobre as recentes mudanças na legislação do Simples Nacional
(www.doutorimposto.com.br).
Sou Contador e Professor do Ensino Superior. Sou apaixonado pela desconstrução das interpretações do mundo.
Esse blog é dedicado aos meus artigos publicados no Jornal do Commercio e na Revista Editor Fiscal.
domingo, 12 de novembro de 2017
TREINAMENTO ICMS SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA ((9 e 16 dezembro))
Sou Contador e Professor do Ensino Superior. Sou apaixonado pela desconstrução das interpretações do mundo.
Esse blog é dedicado aos meus artigos publicados no Jornal do Commercio e na Revista Editor Fiscal.
terça-feira, 7 de novembro de 2017
UBER escancara a nossa degradação institucional
Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 7 / 11 / 2017 - A 312
O
empreendedor que planejava abrir um pequeno empório na Rua Ferreira Pena teve
seu processo de constituição empresarial empacado pela Secretaria Municipal de
Meio Ambiente e Sustentabilidade. A Semmas alega que a localidade do
empreendimento, que fica defronte à paróquia Sagrado Coração de Jesus, é uma
reserva ambiental, e que, por isso mesmo, precisava fazer uma série de análises
de viabilidade técnica. O pequeno comércio em nada impactará o ambiente com
fumaça, ruídos, produtos químicos, resíduos perigosos etc. Mesmo assim, o
processo, iniciado no GAP dia 10/03/2017, passou depois pelo DEFIS, DTO, DJUR,
DELIC, DIGEO, DEGTA, DELIC, DIGEO até estacionar dia 05/06/2017 no DEGTA.
Detalhe importante: Todo esse imbróglio da Semmas é apenas uma pequena parte do
processo de constituição da empresa, que depois terá que passar pela mesma
via-crúcis na Vigilância Sanitária, Corpo de Bombeiros, Receita Federal, Sefaz,
Semef, Implurb etc. O processo 201715848**********51 está empacado na Semmas
porque o dono do empreendimento se recusou a utilizar os serviços dos
“solucionadores” de problemas que orbitam os órgãos da prefeitura de Manaus. Se
a propina tivesse sido paga, o processo teria sido liberado em menos de uma
semana.
O
que o Uber nos ensina?
O
Uber mostra o quão degradante é o nosso sistema institucional de organismos
regulamentadores da vida do cidadão. O serviço de transporte por aplicativo é
dinâmico, prático, tecnológico e econômico (metade do preço do taxi). O Uber
solucionou o problema de locomoção de muita gente que jamais poderia utilizar
serviços de taxi. O contato é rápido, o passageiro monitora o deslocamento do
motorista, o preço é determinado previamente etc. O serviço do taxi está parado
na era do telefone, o passageiro fica numa espera angustiante sem ter noção
nenhuma do momento exato da chegada do motorista, e o valor é imprevisível
porque depende do tempo igualmente imprevisível do deslocamento até o destino.
O dono do taxi tem um benefício fiscal gigantesco para aquisição do automóvel;
o motorista do Uber, não. Por outro lado, os taxistas arcam com monstruosas
dificuldades para trabalhar na praça. Não querendo estigmatizar os taxistas que
sustentam suas famílias com muito sacrifício, sabe-se que a internet está cheia
de notícias de utilização dos serviços de taxi para lavagem de dinheiro. Outra
faceta perversa dessa atividade reside nos grandes conglomerados de placas nas
mãos de poucos detentores que terceirizam os carros para trabalhadores que
ficam com uma pequena parcela da renda diária. Tanto o é, que muitos taxistas
migraram para o Uber, que rende muito mais para o bolso de quem bota a mão na
massa. O Uber confronta grupos poderosos (públicos e privados).
Pois
é. Pela primeira vez na vida, o brasileiro viu uma coisa difícil se tornar
fácil. Muita gente simples e de baixa renda está experimentando as maravilhas
dum deslocamento rápido e confortável para cuidar das suas atividades diárias.
Até os proprietários de veículos estão deixando o automóvel em casa para andar
de Uber.
O
governo viu o esculachado cidadão brasileiro experimentar o gostinho da
civilidade e não gostou nem um pouco. Afinal de contas, o povão merece é muita
peia pra deixar de ser besta. Onde já se viu pobre andar de carro? É muita
petulância!! Onde já se viu motorista trabalhar sem pagar propina para meio
mundo de bandidos travestidos de funcionários públicos?
Pra
acabar com a farra da cidadania, o Congresso está correndo para aprovar o PLC
28/2017, que traz uma infinidade de procedimentos normativos junto a dezenas de
órgãos públicos que o sistema Uber terá que observar. Há quem diga que o taxi
paga imposto e o Uber, não. Acontece que o Uber já recolheu em 2017 a cifra de
495 milhões de reais ao erário. E os taxistas, quanto pagaram? Quem tem essa
informação?
O Uber escancara as razões do nosso atraso civilizatório. Tudo no
Brasil é caro e difícil por causa duma vasta e capilarizada rede de corrupção.
É espantosa a lista de coisas que no Brasil custa duas, três, quatro, cinco vezes
mais caras do que nos Estados Unidos. A diferença do preço está no tal Custo Brasil.
Esse Custo Brasil nada mais é do que o custo da corrupção. A corrupção é um
ônus que sobrecarrega tudo que o brasileiro consome. A Operação Lava-Jato vem
rotineiramente mostrando como o custo dos empreendimentos públicos é
multiplicado pelo vultoso montante de dinheiro distribuído para uma imensa rede
de famintos corruptos. E isso acontece em tudo; acontece nas fábricas, acontece
nos serviços, acontece nos juros bancários, acontece nas taxas do cartão de
crédito, acontece no preço das passagens aéreas etc. Os corruptos não param um
só minuto de roubar. Daí, o motivo do rebuliço entre os entes governamentais
que frequentemente se digladiam por cargos, privilégios e esquemas diversos. Os
políticos perderam totalmente a compostura. Ninguém mais se preocupa com
demagogia. Os atos agora são retos e sem meias palavras. A degradação é total e
absoluta.
É sabido e notório que o brasileiro só consegue alguma coisa nos
órgãos públicos mediante o pagamento de propina. Tudo é movido a propina. Cada
músculo do corpo do atendente só responde ao estímulo propinolístico. O
processo só tramita mediante pagamento de propina.
A Operação Zelotes descortinou um esquema brabíssimo de corrupção
envolvendo julgadores e julgados. A Lava-Jato vem mostrando que as legislações
são encomendadas para atendimento de interesses criminosos de grupos poderosos.
Os legisladores tributários são mestres na construção de estruturas normativas
indecifráveis. O sistema tributário como um todo é uma imensa máquina
fomentadora da corrução. Os políticos tripudiam na cara do cidadão com atitudes
obscenas e escarnecedoras. O Judiciário passou a chocar diariamente a população
brasileira com solturas sistemáticas de bandidos extremamente perigosos. O
político é filmado com a mala de dinheiro e no dia seguinte é solto pelo STF. O
sistema jurídico institucional está se dilacerando a olhos vistos. A mídia
refratária e conivente trata tudo com uma normalidade perturbadora. O único
apresentador de TV que rasga o verbo é o José Luiz Datena. Todo o resto faz
cara de paisagem quando noticia barbaridades oriundas do planalto central.
Sou Contador e Professor do Ensino Superior. Sou apaixonado pela desconstrução das interpretações do mundo.
Esse blog é dedicado aos meus artigos publicados no Jornal do Commercio e na Revista Editor Fiscal.
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