terça-feira, 4 de dezembro de 2018

AGIGANTAMENTO DA BUROCRACIA ESTATAL



Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio  dia  04 / 12 / 2018 - A349

O pai da sociologia, Max Weber, disse que a burocracia é a forma de dominação por excelência do mundo moderno. Ou seja, o aparato estatal se municia e se reveste de um poder que vai além da ordem jurídica. Tal musculatura se avoluma num ritmo acelerado aqui no Brasil, de modo que sua massa crítica vem esmagando uma população cada vez mais demandada por impostos necessários à manutenção dos gastos públicos; com especial destaque para a folha de salários.

Do ano de 2011 até 2016 os gastos salariais do governo federal cresceram 42,13%, segundo informações do Ministério do Planejamento. Outro dado assustador mostra que os servidores públicos federais (1% da população) consomem 22% do orçamento da União. Segundo um relatório do Banco Mundial, o volume de 13,1% do PIB brasileiro foi destinado ao pagamento do funcionalismo em geral (dados de 2015). É muito acima do que foi gasto nos Estados Unidos (9,2%) e no Chile (6,4%). A média salarial dos servidores federais brasileiros é de R$ 9.258 enquanto que na iniciativa privada esse índice é de R$ 2.100 (Fonte: Pnad IBGE). Tanto dinheiro despejado nos bolsos dos funcionários públicos em nada melhora a qualidade dos serviços prestados à população. Pelo contrário, esse pessoal bem remunerado vive eternamente reclamando dos vencimentos, que nunca é satisfatório. Na realidade, todo mundo está focado no topo da hierarquia salarial. Nessa escalada remuneratória são utilizados os mais diversos artifícios para inflar o contracheque. É todo mundo todo dia brigando por infinitas verbas complementares que chegam a multiplicar o salário base. Nesse jogo matemático, até o chefe da reprografia consegue atingir o salário de um senador da república.

Tanta gente bem remunerada acaba por originar grupos determinados a obter mais e mais força política dentro das suas áreas de atuação. A luta seguinte é por privilégios e imunidades que não os obrigue a cumprir nenhum tipo de exigência, como por exemplo, atender uma solicitação de um cidadão pagador de impostos que está em dúvida sobre algum assunto burocrático. Esse funcionário público dotado de superpoderes sente-se à vontade para embargar obras, criar dificuldades para uma indústria produzir ou impedir o empreendedor de gerar empregos. O funcionário público pode multar uma empresa em milhões de reais porque alguém cortou uma árvore nos fundos do seu estabelecimento ou então impedir que uma loja seja inaugurada porque os operários encontraram cacos de cerâmica indígena.

Os funcionários públicos das agências fazendárias pertencem a uma elite divinizada, por se acharem acima do bem e do mal. Esse pessoal pode lavrar autos estapafúrdios por estarem absolutamente imunes a qualquer tipo de punição imediata, uma vez que as previsões disciplinares não funcionam na prática. As empresas de modo geral são reféns da Sefaz, RFB, prefeitura etc. Qualquer pessoa honesta que tente fazer qualquer coisa sem propina, fica presa num eterno jogo de espera. Não há mecanismos que puna instantaneamente o funcionário público corrupto e bandido, mas a Sefaz pode instantaneamente bloquear a empresa que infringir minimamente qualquer uma das milhões de normas legais. Não existe nesses órgãos fazendários um setor de reclamação porque todo o universo público está fortemente engajado no propósito de dominação do cidadão comum. Por isso nenhum servidor jamais vai se voltar contra um colega corrupto.

A solução para dá um freio na desordem e no descalabro que se tornou o setor público é quebrar sua coluna espinhal. O presidente eleito disse que o governo é especialista em perseguir quem trabalha no Brasil e também já relatou abusos sofridos de órgãos ambientais. A equipe de retaguarda prepara um grande pacote de ações para implodir os esquemas fortemente construídos ao longo de anos de ascensão da burocracia estatal. A partir do ano que vem, o funcionalismo terá que se conformar com o fato de que seu papel é o de servir ao povo e não o contrário. Esse pessoal vai ter que trabalhar de verdade.

O setor privado, o trabalhador de fato, o empreendedor, o gerador de riqueza, vai ter que reassumir seu cargo de patrão. Mas a coisa só vai ficar boa mesmo quando qualquer cidadão mal atendido puder demitir o funcionário público incompetente e corrupto. E vai ficar melhor ainda quando TODOS os penduricalhos forem extintos e quando houver ampla isonomia salarial entre público e privado. Curta e siga @doutorimposto



















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