terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

SUSTENTÁCULO DO CRESCIMENTO

Reginaldo de Oliveira

Desorganizar para crescer; organizar para não quebrar. Esse lema nos leva a deduzir que existe um ponto de ruptura no processo evolutivo das organizações. A questão central é detectar o ápice da curva, onde a coisa começa a degringolar. Não raro, nos deparamos com ambientes nesse estágio de transição onde é perceptível uma movimentação frenética em torno de planos, reuniões, projetos, discursos ufanistas etc. Parece que quanto mais nebuloso fica o futuro, mais esforço é despendido para criar a sensação de que o negócio é sólido e perene. O problema é que publicamente todos demonstram espírito de arrebatamento, mas intimamente a maioria duvida que algo vá dar certo. O desafio é saber o que fazer perante um dilema ou cômpito, onde diversos caminhos acenam com propostas bem parecidas para quem ainda não desenvolveu um discernimento aguçado. Esse é o momento da prova de fogo; é o momento da catarse, da travessia do abismo quando pode ser fatal a escolha de uma ponte quebradiça.

Entre diversas variáveis discutidas e ruminadas, eventualmente, uma é completamente ignorada. Trata-se do capital humano, que é o sustentáculo de qualquer projeto bem sucedido. Mesmo assim, muitos gestores levam anos para perceber o valor da qualificação dos seus funcionários. Pior ainda, planejam brigar com os grandes sem fazer nenhum tipo de ajuste nos seus processos operacionais. Felizmente, jovens empresários donos de empresas bagunçadas conseguem visualizar claramente a situação do seu empreendimento lá na frente – apostam num modelo viável, detalham minuciosamente suas intenções, implementam ações etapa por etapa, investem em tecnologia e se cercam de bons profissionais. Também, não se desviam do caminho traçado nem esmorecem.

Há uma loja de móveis e eletrodomésticos aqui na nossa cidade que é sinônimo de sucesso. Por isso, todos querem ser uma Bemol. Comentários correm soltos em tudo quanto é reunião de negócios acerca dos números, dos índices, da eficiência, do padrão Bemol. Interessante é que todo mundo quer a omelete, mas poucos estão dispostos a quebrar os ovos. Não é discutido nem debatido nessas ocasiões os caminhos espinhosos que a Bemol trilhou para chegar onde está. Não é discutido o altíssimo investimento em tecnologia da informação, nem sua política de recursos humanos, nem ainda suas crenças e valores. Só se pensa nos frutos doces hoje colhidos no dia a dia.

O que diferencia uma empresa da outra é sem dúvida o seu pessoal. Um amplo contingente de pessoas desqualificadas faz um estrago danado numa organização. Não por má vontade, mas por falta de orientação e preparo adequado ao desempenho de suas funções. Toda a empresa é uma máquina de geração de riqueza e os empregados são as engrenagens dessa estrutura produtiva. Se uma peça defeituosa compromete o bom funcionamento de todas as outras, imagine tudo com defeito. É pane geral. Por incrível que pareça, há quem além de não investir um centavo na qualificação dos seus empregados, ainda lança críticas severas àqueles que buscam qualificação por conta própria. Para esses administradores o que vale é o trabalho braçal feito de qualquer jeito, mesmo que seus clientes vivam reclamando do mau atendimento.

O que fazer então para evitar o declínio na rota ascendente da curva de crescimento? Como ir além e continuar prosperando? As respostas não são facilmente encontradas. Não à toa, somos cercados de casos de empresas que não suportaram o peso do próprio crescimento. Mas uma coisa é certa. Sem pessoas bem qualificadas não se chega a lugar algum.

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