Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 19/08/2014 - A181
Num vídeo disponível na internet o presidente da Associação Comercial de São Paulo,
sr. Rogério Amato, expressa sua preocupação com o clima de terrorismo fiscal
instalado no país. Ele menciona um levantamento feito pela própria ACSP, o qual
mostra que as empresas gastam em média 4% do seu faturamento com a
administração das obrigações acessórias, sendo que o número dessas tais
obrigações não para de crescer nem por um minuto, expondo o patrimônio das
empresas a altíssimos níveis de risco. As regras, os detalhamentos e as
minúcias de tantos formulários se expandem ao infinito, fazendo com que ninguém
consiga escapar de uma multa por preenchimento errado. O sr. Amato diz ainda
que os contadores não mais estão garantindo a proteção do patrimônio dos
clientes nem conseguindo fazer seu trabalho de forma clara, justamente, por não
ter estômago grande o suficientemente para digerir a montanha de regras criadas
pelo governo. E ainda por cima essa classe de profissionais é criminalizada por
isso. A realidade do dia a dia mostra que a coisa toda só tende a piorar. De
modo geral, os entes tributantes permanecem envolvidos na criação de estruturas
faraônicas e megalomaníacas de controle fiscal e ao mesmo tempo estão se
engasgando e tropeçando nas próprias pernas por não dispor de pessoal
capacitado para administrar projetos de altíssima complexidade. E, claro, quem
sempre paga o pato da profusão de lambanças engasgatórias é o atônito
contribuinte.
Tanta
instabilidade no obscuro sistema de normatizações tributárias produz um
ambiente litigioso que acaba beneficiando o grande e poderoso contribuinte e
sua tropa de advogados. Esse pessoal se aproveita das impropriedades legais
para peitar o governo e não pagar o devido. Dessa forma, se o grande não paga,
o pequeno é atacado sem dó nem piedade para compensar o desfalque no erário. A
coisa é tão feia e a legislação tão mal construída que cada palavra escrita
pode ser objeto de contestação judicial. Um prato feito para os grandes e espertos
contribuintes. A nossa SEFAZ/AM até que vem se esforçando bastante para
estabelecer um diálogo produtivo com a classe contábil.
O
contribuinte é o homem no quarto escuro procurando o chapéu preto que não está
lá. Mas o Fisco quer o tal chapéu de qualquer maneira ou então tome-lhe multa. Essa
é a roubada em que as empresas estão metidas. O fato mais curioso do nosso
sistema tributário é o disparate da baixa capacidade de fiscalização se
contrapor com a altíssima complexidade dos regulamentos. A consequência
imediata de tanta maluquice é a incitação e o fomento da corrupção. Regras
obscuras fazem a delícia dos fiscais corruptos e o inferno de quem sua a camisa
para manter esse país de pé. Ou seja, parece que o legislador é atacado por um
formigamento que o leva a viajar na maionese e assim mergulhar no poço sem
fundo dos detalhamentos excessivos e da burocracia desvairada. E o ato mais
contraditório e paradoxal acontece quando o governo propõe alguma medida redutora
da burocracia que no final se descobre ser mais uma dor de cabeça e mais um
custo. Mais custo para as empresas e mais custo para os órgãos governamentais
que se veem obrigados a alugar prédios e entupi-los de funcionários para cuidar
dos novos procedimentos burocráticos. E todo dia novas e impraticáveis regras
fiscais são impostas ao contribuinte sem que nenhum freio ou mecanismo legal
barre coisas absurdamente estapafúrdias.
Quem
está sofrendo horrores com esse ambiente terrorista é a pequena empresa que até
para emitir uma nota fiscal precisa saber de centenas de regras relacionadas a
enigmáticos termos e codificações privativas do conhecimento de profissionais
especializados. Por isso é que milhões de notas fiscais erradas são emitidas
diariamente no país, provocando assim uma infinidade de brigas e confusões
entre fornecedores e clientes. Não é para menos. Os assuntos fiscais estão
pautando todas as ações das empresas. Muitos empresários já estão sabendo
disso, mas continuam perdidos ou mal assessorados.
Hoje, brincar não dá
mais. Por isso, meio mundo de gente está batendo a cabeça na parede e esperando
assim que o surgimento de uma faísca de iluminação aponte o caminho certo a
seguir. A questão principal não deveria ser tanto buscar os meios necessários
ao cumprimento da legislação, mas sim, articular um movimento em prol da
racionalização das regras fiscais. O governo adora uma sociedade inerte e
conformada, que engole tudo calada. E se ninguém reclama, então é porque está
tudo bem e todos estão felizes e satisfeitos. Por isso, um aumento de imposto
aqui e uma nova obrigação acessória ali não fará mal algum.
VEJA O VÍDEO NO LINK https://www.youtube.com/watch?v=WEYNUCOFte0
#ICMS
#SEFAZ
#SEFAZAM
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