Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 08/05/2012
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Quando
uma única pessoa ocupa o topo da pirâmide de uma organização complexa sem ter
com quem compartilhar responsabilidades estratégicas, acaba colocando sobre os
próprios ombros um peso muito grande. A pressão se torna mais intensa quando as
unidades de negócios são dispersas em municípios ou estados diferentes.
Poder e
solidão são irmãos siameses; separar um do outro não é tarefa fácil. E estando
assim absolutamente sozinho, o rei se vê obrigado a desenvolver um apuradíssimo
grau de percepção que permita interpretar as intenções por trás de gestos,
comportamentos e palavras. A obtenção dessa inteligência interpessoal possibilita
o afloramento de abordagens e questionamentos precisos junto ao interlocutor,
permitindo igualmente, a criação de condições sadias para a tomada de decisões
acertadas. Dessa forma, o administrador consegue produzir muito sem perder o
equilíbrio. Obviamente, a conquista desse dito equilíbrio está vinculada ao
estabelecimento de estruturas administrativas inteligentemente dimensionadas e à
distribuição de responsabilidades táticas entre pessoas competentes,
comprometidas e honestas. Isso significa que o gestor que está no topo da
pirâmide deve fazer a máquina organizacional trabalhar ao seu favor.
A palavra-chave que martela intermitentemente a cabeça dos capitães de
navio é “controle”. Controle é tudo. Controle significa enxergar todas as
dimensões do caminho que se está trilhando. Por isso, muita gente tem investido
volumosas quantias de dinheiro na construção de sistemas de controle e
ferramentas sofisticadas de gestão, como por exemplo, os sistemas ERP (Enterprise resource planning), o BSC (Balanced scorecard) ou o tão
desejado BI (Business Intelligence). Esse arsenal de ferramentas sofisticadas
já é bem utilizado por algumas organizações. Tais ferramentas conferem ao
diretor o poder de puxar a informação e não mais esperar que alguém a lhe
entregue. Claro, sabe-se que não é nada fácil chegar ao ponto de usufruir
desses avanços tecnológicos. Não é fácil, mas não é impossível, visto que diversas
outras melhorias substanciosas são perfeitamente viáveis, como por exemplo,
atribuir um caráter gerencial aos procedimentos de registro da contabilidade.
Outra medida de impacto seria simplesmente o diretor estudar em profundidade a
ciência contábil, até mesmo para investir num sistema de contabilidade
gerencial e também para trabalhar em conjunto com o contador na construção de
modelos de controle contábeis que possam demonstrar com alta fidelidade as
modificações que ocorrem no patrimônio da empresa. Vencendo essa etapa, as
outras se tornariam mais factíveis.
Quem ainda está acorrentado
ao carrancismo dos ineficientes modelos de controle, têm que depender
demasiadamente da confiança que deposita nas pessoas que orbitam ao seu redor. Nesse
caso, dificilmente o administrador consegue trabalhar sem a presença ostensiva e
recalcitrante da paranoia. O administrador arrebatado por esses sentimentos
causticantes vive atormentado e também atormenta todos à sua volta. Isso
normalmente acontece com aqueles desprovidos da argúcia tão característica dos
empreendedores bem sucedidos e aparentemente serenos. Nesses casos, a confiança
se torna uma moeda de altíssimo valor e as pessoas confiáveis ganham uma atenção
especial do chefe. Sabemos todos nós que confiar nas pessoas é uma tarefa
extremamente árdua, senão impossível, visto que somos cercados de histórias
escabrosas de quebra de confiança. Dessa forma, o que acontece é que acabamos
adotando a estratégia de confiar desconfiando. Em face desse quadro
desapontador, quem teve a sorte de reunir elementos suficientemente fortes que
sustentam a confiabilidade de um colaborador, deve tratar essa pessoa com toda
a reverência possível, principalmente se essa confiança estiver acompanhada da
competência. Afinal de contas, tudo que é raro custa mais caro.
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