Publicado no Jornal do Commercio dia 14/08/2012 - A90
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Certa ocasião, num debate acalorado em sala de aula onde se discutia os desmandos do poder público e o nosso caótico ambiente jurídico, alguns alunos ressaltavam uma série de aspectos positivos da sociedade norte americana. O professor então resolveu jogar um balde de água fria na discussão; falou em alto e bom tom que os Estados Unidos da América tinham duzentos anos de democracia ininterrupta e que o Brasil havia apenas duas décadas se libertado do poder tirânico da ditadura militar. Ou seja, em comparação com as instituições de lá, poder-se-ia dizer que as instituições de cá ainda usavam fraldas. Portanto, não adianta ficar somente reclamando da prefeitura, dos políticos, da corrupção etc. Também não é necessário achar o que país não tem jeito e que a coisa tende sempre a piorar. É prudente lembrar a todo o momento que cada cidadão é responsável pela construção da nação e por isso mesmo deve contribuir com o seu tijolinho e com um pouco de areia e cimento. Essa coisa de não querer saber de política e entregar as rédeas do seu destino para qualquer aventureiro só pode resultar mesmo é em muita decepção.
Se
aceitamos o desafio de sermos solidários num destino comum, então em vez de
somente nos escandalizarmos e nos indignarmos com tantos despautérios,
deveríamos sim, era tomar cada situação escandalosa como uma oportunidade de
promover mudanças positivas na estrutura social. Assim, ajustando gradual e
permanentemente cada desalinhamento de cada tijolo das paredes da nossa casa,
conseguiríamos um dia chegar ao ponto de equivalência com as nações ditas
desenvolvidas. Claro, sabemos que esse é um processo complexo que depende de
uma afinada orquestração de ações positivas e contínuas. Isso significa que
responsabilidade e trabalho são elementos que estão sempre prontos para serem
distribuídos à população. O povo não é um mero figurante do teatro social. O
povo é o protagonista e por isso mesmo tem o dever de assumir seu importante
papel de construir uma sociedade mais justa e solidária.
Na
semana passada, um acontecimento simplesmente espetacular se fez presente na
Rua José Paranaguá, centro de Manaus. O prefeiturável Serafim Corrêa
estabeleceu um franco e direto diálogo com representantes de algumas importantes
entidades da nossa região, sendo que várias e relevantes questões foram
tratadas, debatidas, esclarecidas etc. O candidato ao executivo municipal
desfiou um rol de esclarecimentos e propostas com incomum franqueza e
assertividade. Foi curioso constatar a quantidade de ações despropositadas e
irracionais geradas em órgãos públicos que deveriam pautar suas atitudes com um
mínimo de sensatez. Alguns fatos comentados no evento se pareciam mais com
briguinhas de comadres, como foi o caso do corte de uma mangueira que
desencadeou uma crise institucional. Lá pelas tantas e depois de várias
histórias rocambolescas, ficou a impressão que as instituições se atritam mais
do que se harmonizam, se comportando como adolescentes birrentos e imaturos. É
como se faltasse aos honoráveis detentores dos elevadíssimos cargos públicos o
senso de grandeza e de responsabilidade perante a nação.
Por
conta de tantos choques institucionais ficou evidente a beleza do propósito da
reunião. Foi muito bonito ver ali o escancarado e insofismável canal de
comunicação funcionar de forma intensa e memorável. Ou seja, questionamentos
foram feitos, esclarecimentos foram prestados, queixas foram ouvidas, propostas
foram colocadas e a palavra foi franqueada para quem tivesse algo a dizer. Mas o
mais interessante foi compreender que a mecânica das engrenagens da máquina
público administrativa é perfeitamente suscetível a ajustes. Ou seja, pode-se
sim, mexer naquilo que não funciona bem. E isso vale para todas as instâncias
de todas as esferas, onde o bom senso tem o poder transformador de corrigir
tudo que não for deglutível. Daí, a importância da atuação firme e inabalável
das células vivas da sociedade.
Ali,
na Federação da Agricultura do Amazonas foi possível vislumbrar as nuances de
uma sociedade organizada e plena no seu papel de promoção do exercício da
cidadania. Pena que depois das eleições o prefeito eleito jamais se prestaria
ao papel de se expor da forma como o antes candidato o fez.
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