Publicado no Jornal do Commercio dia 11/09/2012 - A94
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Na
semana passada o Fórum Econômico Mundial divulgou o Relatório Global de
Competitividade, onde pela primeira vez o Brasil se encontra entre os 50 países
mais competitivos. A 48ª posição no ranking não é um feito para se comemorar,
visto que tal situação só nos mostra o imenso desafio que temos pela frente se
quisermos realmente nos tornar uma nação de primeiro mundo. O Relatório
contempla 12 categorias, denominadas pilares de competitividade, tais quais, infraestrutura,
ambiente macroeconômico, saúde etc. Os índices que empurraram o Brasil lá pra
baixo foram os indicadores relacionados às políticas públicas. Por exemplo,
ficamos na 135ª posição no item “Desperdícios de Gastos Públicos”; 116ª posição
em “Qualidade da Educação”; 111ª posição em “Eficiência do Governo” e a pior
colocação no item “Tributação”. Outro índice torna preocupante a nossa pretensa
jornada rumo ao primeiro mundo. Trata-se do indicador “Confiança nos Políticos”,
onde ficamos em 121º lugar no universo de 144 países pesquisados. Esse
emblemático índice é preocupante devido ao fato de que qualquer mudança nas
políticas públicas passa primeiramente pela confiança que a população deposita
nos homens e mulheres que estão lá em cima e que têm o poder de fazer
acontecer, tais como os parlamentares, chefes do poder executivo, tribunais de
contas, ministério público, dentre outros.
Essa
dita confiança é a onda de choque que poderia quebrar as estruturas
enferrujadas e apodrecidas da incompetência e da corrupção que persistem em se
manter erguidas a um custo muito elevado para o presente e para o futuro de
todos os brasileiros. De nada adiantará a iniciativa privada se desdobrar, se
reinventar e investir maciçamente em tecnologia de ponta se o governo continuar
atravessado no caminho como um caminhão tombado. O revolucionário presidente
norte-americano Ronald Reagan disse certa vez que o governo não é a solução; o
governo é o problema. Se lá é o problema, aqui é uma catástrofe dantesca.
Talvez por isso sejamos uma das mais heroicas nações, justamente por
conseguirmos sobreviver num ambiente tão cáustico e tão contaminado, que mesmo
com tanta corrupção e desmandos ainda conseguirmos destaque no cenário
econômico mundial. Isso é uma homérica proeza. Por isso, a sociedade organizada
precisa urgentemente reagir contra os promotores do atraso e começar a retirar
os entulhos que emperram a evolução social do nosso povo.
Dentre
a principal entulheira está a entorpecedora burocracia que anestesia o sistema
nervoso dos funcionários públicos, retardando sobremaneira as ações do setor
produtivo que depende de órgãos reguladores e fiscalizadores para operar. Dessa
forma, o empresário acaba sendo um atleta de alto desempenho que tem suas
pernas amarradas pelo governo. Ou seja, na percepção do cidadão comum, órgão
público é sinônimo de dor de cabeça. E funcionário público é sinônimo de
improdutividade. No quesito tolerância à “corrupção” ainda estamos na idade das
trevas. Por exemplo, o grande Chanceler Helmut Kohl, responsável pelo processo
de reunificação da Alemanha e um dos arquitetos da união europeia não foi
perdoado pela população do seu país, que exigiu sua renúncia por conta de
envolvimento em escândalo de caixa 2 do seu partido político. Outra situação
emblemática tem a ver com o caso da vice do Primeiro Ministro da Suécia que
comprou chocolate com cartão corporativo e foi exonerada. Aqui no Brasil o
ex-ministro da justiça e advogado do mensaleiro José Dirceu, o honorável sr.
Marcio Thomaz Bastos, afirmou que o STF faz flexibilizações perigosas no
mensalão. Disse ainda que o mensalão não existiu, como se tudo aquilo que à
época assistimos ao vivo e em cores tenha sido uma alucinação esquizofrênica.
Estamos
mergulhados em profundas trevas justamente porque lá fora um chocolate derruba
um político importante, enquanto que aqui o roubo escancarado de bilhões de
reais se transforma em elucubrações sofismáticas e arranjos filosóficos que
extrapolam todos os limites que possam existir no terreno do cinismo. Ou seja,
usa-se uma peneira furada para tapar o sol como se o país inteiro fosse feito
de idiotas tapados (talvez sejam). E ainda se leva várias semanas para julgar o
que todo mundo sabe direitinho o que realmente aconteceu. Por esse estado
lamentável em que se encontra as nossas instituições, conclui-se que é preciso
estômago forte para engolir aquele teatrinho nojento no STF transmitido pela
televisão.
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