Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 16/07/2013 - A131
Os
grandes empreendimentos humanos só se tornaram possíveis devido à força
conjunta de muitos homens. Seja por motivos religiosos, beligerantes ou
estratégicos os grandes feitos exigiram esforços descomunais, como a construção
das pirâmides ou a conquista da lua. Ou seja, quando os grandes homens
decidiram construir algo monumental, decidiram pra valer. Eles não hesitaram,
não titubearam, não economizaram. Foi com essa determinação que os Estados
Unidos da América entraram na segunda grande guerra. Por isso mesmo é que foi a
única nação que tirou lucro do conflito mundial. Quando a coisa apertou e
faltou a mão-de-obra que estava no campo de batalha, eles arregimentaram um
grande contingente de mulheres para a sua indústria bélica. E ainda se dedicaram
intensamente a pesquisas em tecnologia que resultou na bomba atômica. O prêmio
foi a conquista do mundo.
Há
algumas semanas ocorreu um movimento emblemático aqui na nossa cidade, que foi
o protesto dos mototaxistas que exigiram da prefeitura a regulamentação da
categoria via encaminhamento de projeto de lei à câmara municipal. A princípio,
o prefeito taxou os manifestantes de baderneiros e afirmou que não haveria
negociação, sendo que pouco tempo depois, não resistindo às pressões, acabou
por atender às reivindicações dos manifestantes. O mesmo fenômeno vem se
desenrolando pelo país através da onda de passeatas que tem acelerado o
trabalho de parlamentares que viviam no planeta marte.
É
interessante considerar a possibilidade de que toda inércia, incompetência e
roubalheira tão sinonímica do poder público é consequência direta da omissão da
sociedade que deixou a coisa correr frouxa. O vendedor largou as frutas na
calçada e foi tirar uma soneca dentro da loja. Obviamente, que ao voltar
encontrou a caixa vazia. Assim somos nós que “não gostamos de política” e por
esse motivo entregamos o nosso destino na mão de qualquer um. O político
bandido e o funcionário público apático são produtos do nosso distanciamento. No
momento em que o povo acorda, briga, cobra e vai pra cima, a coisa se ajeita
rapidinho.
Existem
coisas absurdamente intoleráveis acontecendo a cada minuto de todos os dias. Um
bom exemplo é a artimanha maliciosa do cálculo de ICMS, PIS e COFINS embutido
nas notas fiscais de produtos. Numa nota de R$ 100,00 somente R$ 73,75 se
refere ao preço do produto. O valor restante corresponde a ICMS, PIS e COFINS.
A lei diz que a carga tributária perfaz 26,25% do total da operação, mas na
verdade o índice correto é de 36% quando se desagrega os tributos do produto.
Para piorar um pouco mais, cada tributo é base de cálculo do outro, cujo termo
técnico é “bis in idem” (tributo sobre tributo). No desembaraço aduaneiro
acontece o mesmo fenômeno cobratório. Ou melhor dizendo, roubatório, onde
vários tributos se transformam em base de cálculo do ICMS. Esses casos são
apenas uma ínfima amostra das discrepâncias esculhambatórias que são empurradas
goela abaixo do empresariado. E o fato mais desalentador é que muita gente já está
com a garganta alargada de tanto engolir cururu enverrugado todos os dias.
Como
a classe empresarial não é habituada a lutar pelos seus direitos, esse pessoal
bem que poderia solicitar umas aulas de cidadania aos mototaxistas. A classe
dos mototaxistas não tem vergonha nem medo de acampar na frente da prefeitura;
não se intimidaram nem se apequenaram perante o poder público. Nem também ficaram
esperando que alguém lutasse pelos seus direitos. Eles simplesmente foram lá e
fizeram valer o que achavam justo.
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