Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 10/02/2015 - A200
Após
sérios problemas circunstanciais o faturamento de setembro despencou 20%,
provocando com isso um clima de consternação e desânimo. Em meio a expressões
pesadas e falta de entusiasmo era preciso fazer algo com urgência. Foi assim
que a contadora Antonete Osório lembrou que um dos clientes se destacou
bastante na Fiat. Tanto, que hoje é dono da famosa Doceria Pimenta de Cheiro,
fruto da sua brilhante atuação como vendedor de automóveis.
Fato
consequente, a sra. Osório contactou esse ilustre cliente e o convidou para
ministrar uma palestra motivacional para a equipe de vendedores. Do outro lado
da linha telefônica, o sr. Patrick Dias retrucou afirmando não saber falar em público.
A sra. Antonete argumentou que bastava a ele relatar sua trajetória vitoriosa e
também enumerar as características do bom vendedor. E mais importante, contar
para os ouvintes como ganhou tanto dinheiro na concessionária Fiat. Ou seja, de
certa forma, revelar a receita do sucesso. Vai em cima, vai embaixo; puxa
daqui, puxa dali, finalmente a proposta foi aceita.
O
sr. Patrick atuou em duas frentes: Uma, através do seu memorável e performático
desempenho na condução da palestra ministrada aos hipnotizados espectadores.
Outra, em reunião privada com a sra. Antonete, onde delineou um conjunto de
estratégias voltadas para garantir o sucesso do projeto. Dentre elas, agrupar
vendedores de acordo com o histórico de cada indivíduo e posteriormente
estabelecer metas diferentes para cada grupo. O novo paradigma se resumia a
fazer o funcionário tomar gosto pelo dinheiro. E o motivo era muito simples.
Cada meta alcançada gerava um substancial acréscimo ao salário, chegando a
duplica-lo. A gerente da loja seria financeiramente recompensada se todos
cumprissem sua cota. Os vendedores, individualmente, foram convidados para uma
franca e esclarecedora conversa, onde foi dito que a empresa acreditava no
potencial do seu time e que, juntos, seria possível concretizar expectativas
vitoriosas.
Daí,
pra frente, a perseguição das metas se tornou uma obsessão, com monitoramento
diário e semanal, onde a ordem estabelecida era que todos se empenhassem no
cumprimento da meta global. Ou seja, cada vendedor se sentia responsável pelo
sucesso do grupo e não somente pela sua cota pessoal. A correria era violenta e
com movimentação agitada em torno dos retardatários, sendo que os menos
produtivos eram submetidos a um acompanhamento especial. Até a clientela percebia
o alvoroço e por isso mesmo entrava na torcida junto com os demais. E,
finalmente, diante do cumprimento da meta diária, a comemoração era tal que
parecia final de campeonato. Até um funcionário indisciplinado da reposição,
que faltava muito, insistiu por demais no pleito para trabalhar no salão. O
pedido foi atendido, desde que ele cumprisse a meta mais alta. O rapaz virou
bicho, fez por merecer e viu seu salário dobrar em pouco tempo. Além disso, se
tornou um dos mais disciplinados e assíduos vendedores. Ou seja, esse rapaz
tomou gosto pelo dinheiro e por tal motivo era certo que ele continuaria
batalhando firme para manter o novo nível de remuneração.
Tanto
trabalho e tanto esforço valeram a pena. E muito. Os meses de outubro, novembro
e dezembro e janeiro último, foram marcados por um acontecimento inédito. Todos
os 17 vendedores bateram suas respectivas metas nesse quadrimestre. Por
exemplo, o faturamento de janeiro, historicamente mais fraco, cresceu 5% em
relação a dezembro e 24% em comparação a janeiro de 2014. Em meio ao fraco
movimento do comércio a loja vem se mantendo sempre cheia. Tanto, que foi
objeto de destaque no Jornal O Liberal e também, pauta de uma reportagem da
Rede Record, o que atraiu mais e mais clientes para o centro da capital
paraense. Com tantos acontecimentos positivos se sucedendo a Festa Color está
se transformando num modelo de sucesso empresarial. E tudo graças a uma
prosaica iniciativa de alguém que não se acomodou diante dum quadro negativo.
Em vez disso, se valeu da sua intuição para apostar, não em soluções
tradicionais, e sim, no sr. Patrick, que se descobriu um grande palestrante e
estrategista comercial. A sra. Antonete provou que a necessidade faz o sapo
pular e mostrou também que soluções para problemas desoladores podem ser
simples e de baixo custo.
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