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Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 24/02/2015 - A201
Artigos publicados
A reunião ordinária do Clube de Diretores Lojista ocorrida no último dia 12 foi particularmente especial, não tanto pela excelente palestra do sr. Secretário Ulisses Tapajós, mas porque os entes público e privado travaram um franco e aberto diálogo, onde muitas cartas foram colocadas na mesa e alguns fantasmas exorcizados. O propósito da exposição do sr. Tapajós foi prestar contas das ações administrativas desenvolvidas na Secretaria Municipal de Finanças e mostrar aos presentes o grandioso desafio de profissionalizar um órgão público utilizando-se de instrumentos copiados da iniciativa privada. A exposição do palestrante não somente escancarou o antagonismo existente entre os universos administrativos público e privado, mas também, ali, cara a cara, deixou patente o fato de que a burocracia não é um fenômeno espontâneo da natureza, como chuva ou terremoto. A burocracia é fruto primeiro da inércia de gente mal intencionada. Ou no mínimo, negligente. O pipoco de questionamentos e justificativas disparados de ambos os lados demonstrou que o monstro da burocracia se alimenta do distanciamento existente entre pessoas e entidades representativas da sociedade. Por exemplo, os assuntos pertinentes à competência da Prefeitura fluíram positivamente rumo a prováveis melhorias operacionais. Já, aquilo que dependia de outros órgãos não representados na reunião, permaneceu imerso em dúvidas e reclamações improdutivas.
Parabéns ao CDL;
parabéns aos organizadores do evento. Que esse fórum de discussão possa tomar
corpo e dessa forma abrir caminhos para o estabelecimento de bases racionais e
equilibradas na conflituosa relação existente entre o poder público e o usuário
dos seus serviços.
A reunião ordinária do Clube de Diretores Lojista ocorrida no último dia 12 foi particularmente especial, não tanto pela excelente palestra do sr. Secretário Ulisses Tapajós, mas porque os entes público e privado travaram um franco e aberto diálogo, onde muitas cartas foram colocadas na mesa e alguns fantasmas exorcizados. O propósito da exposição do sr. Tapajós foi prestar contas das ações administrativas desenvolvidas na Secretaria Municipal de Finanças e mostrar aos presentes o grandioso desafio de profissionalizar um órgão público utilizando-se de instrumentos copiados da iniciativa privada. A exposição do palestrante não somente escancarou o antagonismo existente entre os universos administrativos público e privado, mas também, ali, cara a cara, deixou patente o fato de que a burocracia não é um fenômeno espontâneo da natureza, como chuva ou terremoto. A burocracia é fruto primeiro da inércia de gente mal intencionada. Ou no mínimo, negligente. O pipoco de questionamentos e justificativas disparados de ambos os lados demonstrou que o monstro da burocracia se alimenta do distanciamento existente entre pessoas e entidades representativas da sociedade. Por exemplo, os assuntos pertinentes à competência da Prefeitura fluíram positivamente rumo a prováveis melhorias operacionais. Já, aquilo que dependia de outros órgãos não representados na reunião, permaneceu imerso em dúvidas e reclamações improdutivas.
Os
assuntos foram discutidos à exaustão e o debate só não foi melhor porque o sr.
Ulisses saiu logo depois da apresentação deixando com seus assistentes a tarefa
de interlocução com os presentes ao evento. Mesmo assim, a tarde foi por demais
produtiva e esclarecedora. Como sabemos todos nós, o poder público municipal é
uma fonte torrencial de problemas que inferniza a vida do manauara,
principalmente contadores e empresários. Desde o advento dos tais iCad e GissOnline,
os já malfadados serviços da prefeitura se tornaram duzentas vezes pior do que
já eram, provocando uma onda de desgraças por toda a cidade. Cada empresário
carrega consigo uma história de terror envolvendo a burocracia da prefeitura, como
se todos os males do mundo tivessem se abancado por aqui. A Caixa de Pandora
foi aberta lá dentro do Implurb e até agora não foi fechada, apesar dos propagados
esforços empreendidos pela equipe do sr. Tapajós. Na realidade, o que ficou
evidenciado na reunião do CDL é que a solução efetiva do lamaçal burocrático
passa pela convocação de vários agentes públicos e demais interessados para um
grandioso evento que possa permitir a identificação de gargalos e entraves
burocráticos desnecessários. Claro, obvio que algo desse porte demandaria uma
organização bem arquitetada e com objetivos bem desenhados.
Como
dito anteriormente, a burocracia não é uma entidade maléfica oriunda das
profundezas do inferno. Ela é simplesmente fruto das ações de pessoas comuns
enclausuradas em gabinetes e descompromissadas com o mundo externo. Quando
confrontado, esse pessoal acaba por ser obrigado a mostrar a cara e expor os
motivos dos problemas relacionados à sua pasta. Cabe aos representantes da
iniciativa privada a incumbência de provocar esse confronto; trazer todos esses
agentes para a mesa de discussão. Outro fato importante a se considerar é que
os funcionários públicos são obrigados a prestar contas dos que fazem e do que
deixam de fazer. Quem paga seus salários não são seus chefes e sim os
espoliados cidadãos que de fato produzem a riqueza desse país. A iniciativa do
CDL possui um caráter emblemático por trabalhar o paradigma da autoridade divinizada
e inalcançável. Talvez falte amadurecer em cada um de nós um espírito
questionador e litigioso. Basta lembrar o estado de passividade que inunda a
alma do pagador de impostos, que costuma absorver tudo quanto é sorte de imposições
fiscais sem questionar nada. Ou seja, ele morre sem lutar. Esse sofredor muitas
vezes não sabe que a relação fisco contribuinte é acima de tudo uma relação
litigiosa, que envolve sérios conflitos de interesse e que por isso mesmo
caberia aos dois lados o papel de protagonista na elaboração de normatizações
legais. Mas, o que acontece na prática é a prevalência da vontade de um sem que
o outro possa expressar sua opinião.
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