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Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 05/05/2015 - A210
Artigos publicados
A
vida do produtor de doces caseiros ia bem até o dia em que ele precisou
contratar três empregadas para suprir um repentino aumento das vendas. A
alegria do farto movimento morreu quando ele soube da quilométrica lista de
obrigações trabalhistas que o contador lhe passou. Na realidade, o futuro
patrão estava adentrando no vasto e tenebroso universo da relação capital
trabalho, o qual é dominado por funestas e malignas entidades burocráticas. Passado
um tempo, lá, tá ele, sozinho e entupido de afazeres porque uma funcionária
estava de salário maternidade, a outra de férias, e a terceira faltou.
Um
brasileiro em visita a cidade americana de Orlando teve por curiosidade
perguntar a vários funcionários do parque Disney quais eram os seus direitos
trabalhistas. A surpresa das respostas estava na variedade de normas que tomou
conhecimento, sendo todas infinitamente menos complicadas do que o cipoal de
imposições contidas na nossa CLT.
Modelos
regulatórios enxutos dinamizam o processo econômico de uma determinada região,
com mais empregos e menos demandas litigiosas. O agigantamento da nossa
indústria de ações trabalhistas incinera bilhões de reais por ano, evidenciando
um ostensivo e intrincado sistema que dificulta por demais os esforços do
governo para atrair investimentos estrangeiros. Solução desse enrosco? Nenhuma
a vista. Toda notícia relacionada a propostas de reforma trabalhista é pura
demagogia. O nó é virtualmente impossível de desatar. Daí, o dilema: Como fazer
a omelete sem quebrar os ovos? Eureca!! Terceirização da mão-de-obra.
O
cenário institucional e regulatório brasileiro é caótico – sem pé nem cabeça. Os
políticos são uma corja de bandidos que passa o dia inteiro maquinando novas
formas de roubar. A máquina pública está inteiramente aparelhada com gente corrupta
desde a portaria até cargo mais alto, sobrando assim poucas pessoas que se
dedicam a um trabalho sério. As leis são transloucadas e o cidadão se encontra
perdido no meio do Inferno de Dante. A imagem do Brasil lá fora é uma das
piores do mundo. Somos um bando de gente incapacitada, que nunca conseguiu
ganhar um prêmio Nobel (os EUA possuem 352). A intensa e frenética agitação da
internet está desnudando um país perebento, tomado de gestores públicos
absolutamente despreparados e mantidos no poder por uma cambada de tapados que
continua votando nos canalhas. É um salve-se quem puder.
É
no atual cenário de joguetes e de vaidades políticas que nasce a Terceirização da
mão-de-obra. A palavra de ordem é: Vamos terceirizar tudo. Vamos criar uma
legislação bonitinha que justifique a aprovação da proposta. Afinal de contas,
é preciso deixar a sala arrumadinha, com tudo no lugar, para assim camuflar as
panelas sujas e amassadas da cozinha. Na sala, as multinacionais. Na cozinha,
os empresários tupiniquins atolados na lama burocrática da CLT. Mas alguém chega
a dizer: – A lei vai garantir os direitos do empregado terceirizado. Tudo
balela!! Todo mundo tá careca de saber que as coisas sempre tomam um rumo
diferente do programado. Todos sabem que lá, em cima (entre os poderosos) lei
nenhuma funciona. A pepinada toda vai cair no colo do fornecedor de mão-de-obra
e do trabalhador terceirizado, inchando ainda mais o já estrangulado conjunto
de varas trabalhistas. Toda essa confusão é bem a cara do Brasil.
Importante
mesmo é atender aos interesses dos grandes conglomerados econômicos, de forma
que a presidentA possa fazer bonito quando for discursar na sede de algum banco
em Wall Street. O fato é que a politicada, e a própria sociedade brasileira se
mostram absolutamente incapazes de encontrar uma saída para o monumental
atravancamento da burocracia trabalhista, como também não conseguem conter a
expansão da monstruosa indústria das ações trabalhistas – uma deformidade que
enriquece o bolso de muita gente e ao mesmo tempo agrava a situação do
pesadíssimo Custo Brasil. O que temos de concreto é muito discurso, acusações, brigas
e palavras vazias, mas solução que é bom, nada. No nosso país os problemas são
resolvidos com discursos. A intenção por trás da Terceirização da mão-de-obra é
jogar a sujeira para debaixo do tapete. E enquanto tropeçamos nas próprias
pernas, as economias mais ágeis e enxutas se movimentam muito bem no jogo
econômico mundial (Alemanha 7 x 1 Brasil). Só nos resta chorar.
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