Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 12 / 12 / 2017 - A 316
No
período medieval os servos eram obrigados a engolir uma série de taxações
impostas pelos senhores feudais, tais como: Ajudadeira, Anúduva, Banalidade,
Corveia, Formariage, Talha, Capitação, Censo, Taxa de Justiça, Mão Morta,
Albernagem, Tostão de Pedro, Fossadeira, Miunças etc. A queda do império romano
resultou na formação de unidades territoriais autônomas administradas com mão
de ferro por governantes tiranos que exploravam camponeses e outros
trabalhadores tutelados pelos seus domínios. As pessoas trocavam a liberdade
pela proteção das muralhas e dos exércitos que garantiam salvaguarda contra
ataques de invasores. Esse amparo concedido pelo senhor da terra acabava
ficando tão caro que os tutelados sucumbiam a um destino de servidão eterna. O
governante arrancava praticamente tudo daqueles que extraíam as riquezas da
terra e das suas habilidades intelectuais. Por isso é que a massa populacional
era extremamente pobre enquanto os parasitas da nobreza se esbaldavam na
luxúria e na depravação. Séculos mais adiante, na França, os nobres e o clero
não pagavam impostos. Luiz XIV dizia o seguinte: “Quero que o clero reze, que o
nobre morra pela pátria e que o povo pague”. Novamente, e como sempre, uma
casta de parasitas se apropriava do suor e do sacrifício do povão que
trabalhava até morrer para pagar impostos. A coisa chegou num ponto tal que os
espoliados se rebelaram e em seguida cortaram a cabeça do rei.
O
tempo passou e a coisa toda só piorou. E muito!! Mudaram as coleiras, mas a
cachorrada continua a mesma. No Brasil colônia, a carga tributária de 20% era
tão extorsiva que culminou na separação da metrópole portuguesa, sendo que,
atualmente, nós pagamos dois quintos dos infernos para um governo faminto e
voraz por dinheiro. Ou seja, o peso sofrido pelos nossos ancestrais era metade
do que suportamos atualmente. Isso explica o fato de sermos tão empobrecidos. O
atual grande poder democrático abocanha quase tudo que produzimos com o suor do
nosso trabalho. O brasileiro comum trabalha, trabalha, trabalha para ter uma
vidazinha medíocre e limitada. O trabalhador brasileiro é obrigado a trocar uma
casinha fuleira por uma vida inteira de muito sacrifício. E no final de tudo
tem que viver com uma aposentadoriazinha mixuruca que o governo quer acabar com
a reforma da previdência.
Como
no passado, como agora e como sempre, temos estabelecido o mesmo modelo feudal
e também a reprodução das cortes europeias. Isto é, temos uma casta de
privilegiados distante anos-luz daqueles que vivem nos porões da pirâmide
social. Como no regime feudal, os trabalhadores espoliados se matam para
produzir a riqueza que vai direto para o bolso do funcionário público que inicia
a carreira com rendimentos de 30 mil reais. O operário que cava buraco debaixo
dum sol escaldante tem quase todo o seu salário surrupiado pelos impostos que
vão sustentar o luxo do desembargador que ganha meio milhão por mês.
Somos
empobrecidos porque o governo leva quase tudo e mesmo assim nunca tem dinheiro
pra nada. A saúde está em frangalhos, a segurança pública mergulhou num caos
absoluto e as instituições estão solapadas por uma completa desordem
administrativa. E tudo por falta de dinheiro, no país que possui uma das mais
altas cargas tributárias do mundo.
Quando
se fala de impostos, o brasileiro comum é atacado por todos os lados. Por
exemplo, o patrão paga quatro mil de salário ao empregado e mais dois mil na
forma de encargos ao governo. O empregado recebe líquido somente 2.800 por
causa da parte que novamente é abocanhada pelo mesmo governo espoliador. Quando
o trabalhador compra coisas com esse saldo que lhe restou, ele paga o dobro do
que vale aquilo que leva pra casa. Isso acontece porque o governo fica com
metade (em média) dos produtos vendidos pelos estabelecimentos comerciais. Esse
cidadão brasileiro é diariamente bombardeado por 93 impostos diferentes que
explodem constantemente sobre sua cabeça. Cada passo, cada respiração, cada gesto,
cada movimento é acompanhado de algum tributo. É taxa na conta da luz, da água,
do telefone, do cartório, do banco, do detran, da prefeitura, da Sefaz, da
receita federal. É imposto quando ganha, é imposto quando gasta, é imposto
quando nasce, é imposto quando morre, é imposto quando tudo. Pra onde vai tanto
dinheiro?
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