terça-feira, 12 de dezembro de 2017

UMA NAÇÃO DE ESPOLIADOS



Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio  dia  12 / 12 / 2017 - A 316

No período medieval os servos eram obrigados a engolir uma série de taxações impostas pelos senhores feudais, tais como: Ajudadeira, Anúduva, Banalidade, Corveia, Formariage, Talha, Capitação, Censo, Taxa de Justiça, Mão Morta, Albernagem, Tostão de Pedro, Fossadeira, Miunças etc. A queda do império romano resultou na formação de unidades territoriais autônomas administradas com mão de ferro por governantes tiranos que exploravam camponeses e outros trabalhadores tutelados pelos seus domínios. As pessoas trocavam a liberdade pela proteção das muralhas e dos exércitos que garantiam salvaguarda contra ataques de invasores. Esse amparo concedido pelo senhor da terra acabava ficando tão caro que os tutelados sucumbiam a um destino de servidão eterna. O governante arrancava praticamente tudo daqueles que extraíam as riquezas da terra e das suas habilidades intelectuais. Por isso é que a massa populacional era extremamente pobre enquanto os parasitas da nobreza se esbaldavam na luxúria e na depravação. Séculos mais adiante, na França, os nobres e o clero não pagavam impostos. Luiz XIV dizia o seguinte: “Quero que o clero reze, que o nobre morra pela pátria e que o povo pague”. Novamente, e como sempre, uma casta de parasitas se apropriava do suor e do sacrifício do povão que trabalhava até morrer para pagar impostos. A coisa chegou num ponto tal que os espoliados se rebelaram e em seguida cortaram a cabeça do rei.

O tempo passou e a coisa toda só piorou. E muito!! Mudaram as coleiras, mas a cachorrada continua a mesma. No Brasil colônia, a carga tributária de 20% era tão extorsiva que culminou na separação da metrópole portuguesa, sendo que, atualmente, nós pagamos dois quintos dos infernos para um governo faminto e voraz por dinheiro. Ou seja, o peso sofrido pelos nossos ancestrais era metade do que suportamos atualmente. Isso explica o fato de sermos tão empobrecidos. O atual grande poder democrático abocanha quase tudo que produzimos com o suor do nosso trabalho. O brasileiro comum trabalha, trabalha, trabalha para ter uma vidazinha medíocre e limitada. O trabalhador brasileiro é obrigado a trocar uma casinha fuleira por uma vida inteira de muito sacrifício. E no final de tudo tem que viver com uma aposentadoriazinha mixuruca que o governo quer acabar com a reforma da previdência.

Como no passado, como agora e como sempre, temos estabelecido o mesmo modelo feudal e também a reprodução das cortes europeias. Isto é, temos uma casta de privilegiados distante anos-luz daqueles que vivem nos porões da pirâmide social. Como no regime feudal, os trabalhadores espoliados se matam para produzir a riqueza que vai direto para o bolso do funcionário público que inicia a carreira com rendimentos de 30 mil reais. O operário que cava buraco debaixo dum sol escaldante tem quase todo o seu salário surrupiado pelos impostos que vão sustentar o luxo do desembargador que ganha meio milhão por mês.

Somos empobrecidos porque o governo leva quase tudo e mesmo assim nunca tem dinheiro pra nada. A saúde está em frangalhos, a segurança pública mergulhou num caos absoluto e as instituições estão solapadas por uma completa desordem administrativa. E tudo por falta de dinheiro, no país que possui uma das mais altas cargas tributárias do mundo.

Quando se fala de impostos, o brasileiro comum é atacado por todos os lados. Por exemplo, o patrão paga quatro mil de salário ao empregado e mais dois mil na forma de encargos ao governo. O empregado recebe líquido somente 2.800 por causa da parte que novamente é abocanhada pelo mesmo governo espoliador. Quando o trabalhador compra coisas com esse saldo que lhe restou, ele paga o dobro do que vale aquilo que leva pra casa. Isso acontece porque o governo fica com metade (em média) dos produtos vendidos pelos estabelecimentos comerciais. Esse cidadão brasileiro é diariamente bombardeado por 93 impostos diferentes que explodem constantemente sobre sua cabeça. Cada passo, cada respiração, cada gesto, cada movimento é acompanhado de algum tributo. É taxa na conta da luz, da água, do telefone, do cartório, do banco, do detran, da prefeitura, da Sefaz, da receita federal. É imposto quando ganha, é imposto quando gasta, é imposto quando nasce, é imposto quando morre, é imposto quando tudo. Pra onde vai tanto dinheiro?









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