Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 18 / 6 / 2019 - A365
O
operário alemão da fábrica Mercedes-Benz pode tranquilamente comprar um veículo
Mercedes-Benz. Por outro lado, o operário brasileiro nem sequer cogita a possibilidade
de comprar um automóvel tão caro. Isto é, nem condições de sonhar ele tem. A
razão dessa gritante discrepância está na nossa brutal concentração de renda. No
Brasil, 10% da população mais rica ganha 43 vezes mais do que os 10% mais pobres.
Esse índice é de apenas 6 vezes nos países socialmente mais justos. O senso
comum tupiniquim carrega o ranço do regime escravocrata, onde os serviçais eram
classificados como animais domésticos. Ou seja, da mesma forma que alguém hoje considera
esquisito enfeitar um cachorro, também era repugnante a ideia de ver um negro bem-sucedido
na vida. Na realidade, era um verdadeiro sacrilégio. No Entanto e,
lamentavelmente, o resquício anacrônico duma era de atrocidades vergonhosas se
manifesta no comportamento das pessoas embriagadas pela soberba. No Brasil, a elite
dominante luta fervorosamente para manter esse modelo colonial, onde o alvo do
preconceito são os pobres, não importando a cor da pele.
Empresários
estrangeiros de mentalidade evoluída querem andar de BMW, mas querem também que
seu gerente seja dono de, no mínimo, um Corola novo e completo e ainda que
morem numa bela casa própria. Enquanto isso, empresas brasileiras de porte
gigantesco se mantém de pé graças à dedicação dum staff supercompetente, onde profissionais
dedicados vivem uma vidinha medíocre – moram num apartamentinho fuleiro e dirigem
um calhambeque porque o salário mal dá pra viver dignamente. Para tornar a
coisa ainda mais bizarra, o patrão feliz com excelentes resultados conquistados
pelo seu gerente, o leva para almoçar num restaurante caro onde o preço do
vinho é maior do que o salário do condecorado. É nesse momento que o tal gerente constata o
quão deplorável é a sua vida e a vida dos seus colegas de trabalho.
Como
desgraça pouca é bobagem, há casos de pessoas brilhantes que desenvolvem projetos
grandiosos e ao mesmo tempo são responsáveis por guinadas acentuadas no
posicionamento da empresa no mercado em que atua. Ou seja, pessoas que promovem
verdadeiras revoluções na estrutura do negócio e que, depois de tudo pronto, o
chefe dá um chute na bunda do coitado sem dó nem piedade. Ou então, quando não
demite, o patão fica o tempo todo menosprezando o valor do empregado para humilhar
a pessoa e ao mesmo tempo não deixar que ela crie asas e voe para o
concorrente.
Na realidade, o que se observa no meio empresarial são ambientes tóxicos e doentios. Se você quiser decifrar a personalidade do dono, basta observar os funcionários. E como são diferentes os empregados das empresas!! Há uma grande livraria no centro da cidade onde se percebe claramente uma nuvem negra pairando na cabeça de cada funcionário. Os atendentes são esquisitos, ríspidos e assustados. Obviamente, que um ambiente tão agourento é resultado direto do comportamento tirano do dono do estabelecimento. Inclusive, quando o dono é doido, ele endoidece todo mundo. Quando o patrão é estúpido, os clientes também são tratados com estupidez pelos atendentes. Se os funcionários são despreparados para o serviço é porque o diretor é medíocre. Por isso é que alguns empreendimentos crescem num ritmo vertiginoso, como, por exemplo, uma grande rede de lojas de eletrodomésticos que conquistou o coração do manauara. Nessas lojas, tudo funciona como um relógio e os funcionários são dinâmicos e eficientes porque os donos são professores e estão antenados com o que de melhor existe no mundo. Mas a principal razão do sucesso está num programa intensivo e persistente de capacitação técnica.
Um ambiente ruim acaba expulsando os profissionais brilhantes e ao mesmo tempo retendo os medíocres. Consequentemente, a empresa crescida por conta de fatores válidos num tempo que já passou, não consegue se adaptar aos novos tempos, onde a concorrência se adianta na correção de políticas empresariais antenadas com os paradigmas vigentes. Muitos fecham as portas porque se recusam a sair do século XIX ou então porque não aceitam o fato de seus funcionários também terem o direito de viver bem. Curta e siga @doutorimposto
Um ambiente ruim acaba expulsando os profissionais brilhantes e ao mesmo tempo retendo os medíocres. Consequentemente, a empresa crescida por conta de fatores válidos num tempo que já passou, não consegue se adaptar aos novos tempos, onde a concorrência se adianta na correção de políticas empresariais antenadas com os paradigmas vigentes. Muitos fecham as portas porque se recusam a sair do século XIX ou então porque não aceitam o fato de seus funcionários também terem o direito de viver bem. Curta e siga @doutorimposto
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