Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 21 / 01 / 2020 - A386
Não
faz muito tempo, uma contadora me confessou sua preocupação com a dita cuja
contabilidade digital, a qual possui ferramentas capazes de automatizar as
tarefas do contador e por tal motivo poderia arrebatar os clientes das firmas tradicionais
de serviços contábeis. O estabelecimento dessa contadora insiste no modelo de
trabalho que concentra tudo no escritório. Eu então disse para a minha colega
que já estamos vivendo uma era disruptiva da nossa profissão, uma vez que a
tecnologia da informação avança sobre as atividades mais diversas com o
propósito de automatizar aquilo que envolve lógica matemática, que é repetitivo,
que é volumoso e que pode ser classificado como elemento integrante de qualquer
tipo de sistema ou processo. Desse modo, sobra para a criatura humana as prerrogativas
vinculadas à criatividade, à análise ou funções de cunho estratégico.
Lamentavelmente,
para o pessoal das antigas, aquele contador escriturário morreu. Muitos deles ainda
estão por aí, vagando pelas repartições públicas como zumbis desorientados em
meio ao furacão de obrigações eletrônicas altamente complexas e indecifráveis. Daí,
a razão de vários rebuliços societários ou fechamento de portas dos escritórios
tradicionais. Isso acontece quando funcionários egressos desses estabelecimentos,
geralmente jovens e antenados, abrem um escritório moderno e trazem consigo os
clientes insatisfeitos com o serviço anterior.
A
onda do momento é o “escritório sem papel”, que não tem a ver somente com digitalização
de documentos – o conceito vai muito além disso. Ferramentas como Nibo, Conta
Azul ou Omie conferem um altíssimo nível de eficiência aos processos
empresariais com um custo infinitamente menor do que os paquidérmicos ERP. Detalhe
importante: As soluções são adequadas ao porte do cliente. Ou seja, o pequeno
utiliza um software intuitivo capaz de abastecer sua escrituração fisco/contábil
sem necessidade de custos exorbitantes. O médio pode suportar um conjunto maior
de ferramentas e até empresas maiores ficam dispensadas dos famosos ERP. A
função do contador que inicia um trabalho no novo cliente é identificar as
necessidades operacionais e verificar se o software existente está habilitado
para atender as demandas apresentadas. Na sequência, é feita a incorporação das
ferramentas supramencionadas. Os funcionários do escritório sem papel atuam
como provedores de soluções administrativas, contábeis, trabalhistas,
societárias, tributárias etc. Suas incumbências estão voltadas para a manutenção
e funcionamento das soluções instaladas, uma vez que tudo funciona na nuvem,
fazendo com que a empresa esteja inteiramente dentro da firma de contabilidade.
O escritório se encarrega de cumprir os acordos firmados no contrato pactuado
com o cliente. Nesse ambiente, todos os atores precisam de raciocínio dinâmico
e estratégico.
Além
da função operacional referente a cumprimento de obrigações principais e
acessórias, o contador moderno atua fortemente como planejador tributário e
consultor organizacional. Por exemplo, o contador Marcelo iniciou seu trabalho
numa grande empresa cujo ERP estava totalmente desconfigurado, apesar dos
gastos astronômicos com TI. Ele então conseguiu alinhar todos os processos
dentro do TOTVS, alavancando assim a dinâmica operacional da empresa. Além
disso, já conseguiu soluções para muitos problemas tributários, dentre os quais,
fazer o Perd/Comp de R$ 20 milhões onde já conseguiu homologar R$ 12 milhões.
Fora isso, o Marcelo afastou consultorias caríssimas que não geravam resultados
esperados, substituindo por pessoas competentes.
O
contador Wesley atua como um planejador tributário de alto nível que fornece aos
clientes diversos procedimentos normativos capazes de gerar benefícios financeiros
substanciais. E tudo com embasamento jurídico ou anuência dos órgãos fazendários.
Na realidade, os contadores mais arrojados estão trabalhando com parcerias
jurídicas e software houses para oferecer soluções diferenciadas, em face dum
ambiente legal cheio de instabilidades geradas pelo poder público.
Pois é. As pequenas
empresas não estão fora desse universo disruptivo, significando assim que seus
contadores precisam se adaptar rapidamente antes da onda transformadora varrer
o modelo anacrônico que já teve a sua importância. Curta e siga @doutorimposto
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