Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 27/10/2015 - A230
Devemos
perseverar como nação ou morreremos agarrados aos nossos próprios interesses.
Essa frase do General Temístocles, dias antes da batalha de Salamina, ilustra
muito bem a importância dos Movimentos Organizados (os autênticos e coesos).
Aquelas organizações de mentirinha, que fazem tudo ao contrário do discurso
proclamado em gabinetes ou eventos pomposos, acabam por fim caindo no
descrédito dos seus membros. Isso é fato recorrente em várias organizações
sociais. Somos uma nação que possui crônicas dificuldades de trabalhar em
conjunto. Ou seja, todo mundo tá sempre querendo se dar bem ou passar a perna
no vizinho. A Alemanha se reergueu a partir dos escombros da guerra para chegar
ao topo do mundo. Será que fez isso se comportando como os brasileiros? Com
certeza, não. E ainda nos deu uma aula de organização na copa do mundo,
mostrando que o resultado vem a partir do trabalho conjunto e não do papo
furado ou do discurso demagógico.
A
organização independente MAIS AMAZONAS MENOS IMPOSTOS fugiu do padrão. Deixou a
inércia de lado e resolveu agir. Em vez dos discursos e das fotos nas colunas
sociais o grupo de comerciantes optou por ir à luta. Uniformizados na vestimenta
e no propósito da causa, vários empresários cansados dos abusos do Fisco
encheram a galeria da ALEAM no último dia 21 para protestar contra o aumento do
ICMS. O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Josué Neto, disse que a organização
Mais Amazonas Menos Impostos “é um Movimento exclusivo. Até então, hoje, é o
único em que a classe empresarial se uniu por uma causa”. De certa forma, a
fala do parlamentar contém uma boa dose de ironia, acompanhada de um puxão de
orelha. Disse ainda que a casa está sempre aberta e disposta ao diálogo. De
certa forma, deu a entender que a matéria passou devido à falta de participação
ativa dentro das sessões da ALEAM. O presidente de uma das maiores entidades
empresariais do Amazonas afirmou: “Eu nunca vi isso que vi até agora. Eu nunca
vi aqui nessa casa, o lojista empresário vindo aqui e falar que não aguenta
pagar tanto imposto”.
O
evento foi marcado por cinco pronunciamentos – três políticos e dois
empresários. O primeiro orador disse que no atual momento de recessão,
desemprego, inflação, a classe empresarial e a classe política têm que
encontrar soluções no diálogo e não no aumento da já pesadíssima carga
tributária. O alinhamento de propósitos deve viabilizar a construção de
políticas públicas conjuntas que consigam realmente aquecer a nossa economia,
buscar melhorias para o setor e gerar mais empregos. O Deputado Luiz Castro
sustentou que a arrecadação tem que se basear no aumento da atividade econômica
e não no ônus que prejudica essa atividade econômica. Afirmou ainda que a visão
imposticida impera em grande parte dos governos brasileiros, levando-nos ao
atual quadro de recessão com inflação.
Em
outro discurso, o orador disse que estava ali para mostrar aos parlamentares o
mal que fizeram ao estado do Amazonas e aos comerciantes, que são obrigados a
matar um leão por dia. Afirmou ainda que vai repassar integralmente a nova
carga tributária para suas mercadorias e cobrar isso do consumidor; e que cada
um dos deputados que votou pelo aumento do ICMS, que se entenda com seu
eleitor.
Pois
é.!! Da turma toda da ALEAM, somente os parlamentares Luiz Castro, José
Ricardo, Augusto Ferraz e Alessandra Campêlo tiveram bom senso e lucidez
suficiente para votar contra o aumento do ICMS. Todo o resto da deputalhada
votou contra o povo; votou contra, principalmente, o mais pobre, uma vez que o
sistema regressivo do ICMS é o mais perverso de todos, porque penaliza aquele
que ganha menos. Interessante, é que um desses deputados traíras é um
tributarista, e que por isso mesmo, tem plena consciência do mal que causou à
sociedade amazonense. Como dito na sessão plenária, outros estados brasileiros
aumentaram a arrecadação através do aperfeiçoamento da gestão fiscal, enquanto
que aqui o governo buscou o modo mais fácil, porém a maneira mais perversa.
Parabéns
aos bravos soldados que não se apequenaram frente aos abusos dos deputados
traidores da confiança do povo amazonense que acreditou votar em pessoas de bom
caráter. Esse grupo de empresários demonstrou que durante a tempestade os
passarinhos se escondem, enquanto as águias voam mais alto.
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