Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 30 / 8 / 2016 - A265
A
presidente Dilma cercada de ratos estampou as páginas do New York Times. A
charge evidencia o fato de que sua conduta é a menos delituosa de todos, visto
que a maioria dos senadores está envolvida em processos judiciais, e os demais
são suspeitos de deslizes morais e legais. A fala destemperada da senadora Gleisi
Hoffmann escancarou a grave crise moral do nosso sistema político ao
desqualificar seus colegas congressistas.
O
Brasil inteiro está em compasso de espera, por conta do tumultuado julgamento
que irá consolidar o atual presidente Temer no comando do país. Os agentes
econômicos aguardam uma definição do cenário político para reativar projetos de
investimentos e de geração de empregos. Para tanto, faz-se necessário o
afastamento do PT e a subsequente correção de tantos desmandos administrativos
perpetrados pela gestão lulopetista. O problema está no modus operandi, no caminho
escamoteado que os adversários estão trilhando para chegar ao objetivo final de
derrubar uma presidente escolhida pela maioria da população. O PMDB sabe que
esse é o único jeito de estar na presidência da república. Paralelamente,
grandes esforços são empreendidos na tentativa de inviabilizar o retorno do Lula
em 2018. Na percepção de expressiva parcela da população carente, Lula foi o
único político que ajudou os pobres. Sendo assim, nenhuma outra figura pública
reúne predicados suficientes para causar o arrebatamento das massas. Daí, a
raiva que muitos têm do PT. Motivo: ninguém mais consegue chegar ao coração do
pobre.
O
jornal El País afirmou que o julgamento é uma farsa, uma vez que a condenação
já foi decidida previamente. Isso significa que o ritual do impeachment é puro
teatro pra inglês ver – uma maneira de justificar para o mundo que o poder não
foi tomado na mão grande. Novamente, a conduta dos senadores foi questionada.
Na verdade, toda a imprensa internacional continua batendo na mesma tecla. Isto
é, como pode um monte de gente atolada até o pescoço em acusações de crimes
gravíssimos, condenar alguém por um erro infinitamente menor? Nesse sentido, a
senadora Gleisi Hoffmann está coberta de razão.
O
processo de acomodação da nova estrutura de governo vai resultar num aumento
das práticas corruptas. É fato notório que o novo governo está promovendo uma
faxina geral nos cargos de diversos escalões da gestão federal. Ou seja, um
batalhão de gente está saindo e outro grande contingente de ávidos servidores
está chegando com uma sede monumental de dinheiro e de poder. Como aconteceu
nos primeiros tempos da era petista, toda a massa de nomeados carrega uma
ansiedade virulenta de fazer e acontecer. O resultado desse destempero é um
aumento convulsivo nas práticas delituosas. Por isso é que o ministro Henrique
Meirelles vem reiterando seus alertas para o aumento dos impostos, justamente
para cobrir os desvios já previstos pelo novo governo.
Engana-se
a pessoa que inocentemente acredita na redução do nível de roubalheira no país.
Todo o estardalhaço da Operação Lava Jato não é capaz de inibir a vontade louca
de roubar. Basta dá uma olhada no conteúdo das campanhas políticas veiculadas
na televisão. Impressiona o fato de ninguém apresentar uma proposta nova; todo
mundo repete o batido e surrado discurso dos políticos de outrora. A diferença está
na quantidade de eleitores que consegue enxergar o lado demagógico do
palavreado fatigante dos candidatos. A corrupção não diminui porque o ato de
roubar ainda é um excelente negócio – mesmo com a pressão da Polícia Federal.
As penas ainda são pontuais e muito suaves. O próprio sistema jurídico permite
que o ladrão se defenda com o dinheiro roubado. Esse mesmo sistema não quer
saber da origem do patrimônio dos investigados e, de certa forma, o mega ultra
super bandido é tratado como celebridade e ainda é alvo de respeito e admiração daqueles
que invejam a conta bancária do criminoso. Por mais esquisito que possa
parecer, é assim que a coisa funciona no Brasil.
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