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Doutor Imposto
Publicado no Jornal Maskate dia 30/07/2015 - A007
O
mundo de hoje é digital e tudo que é digital pode ser rastreado. É por esse
motivo que tanto a Receita Federal quanto a SEFAZ seguem sua incansável rotina
de aprimoramento dos mecanismos de cerco fiscal.
Recebeu
mercadoria acompanhada de nota fiscal eletrônica, fez vendas com cartão de
crédito ou então postou uma foto do iate no Facebook, prepare-se: Você foi
fisgado pelo Fisco. Para desespero dos sonegadores contumazes, a tecnologia da
informação não para um minuto de evoluir – tudo está se conectando com tudo. E
a Receita Federal vem catalisando esses eventos assombrosos com habilidosa
maestria, de modo a multiplicar seus tentáculos e seu raio de ação. A Malha Fiscal
da Pessoa Jurídica já é uma realidade, mesmo que grande parte do empresariado
esteja alheio aos estratagemas das autoridades tributárias.
Os
processos e as tecnologias empregados no projeto da Malha Fiscal da PJ
multiplicaram por dez, o grau de eficiência dos procedimentos de fiscalização. Os
técnicos do governo trabalham com recursos tecnológicos de inteligência
artificial que garimpam dados oriundos de fontes diversas, para depois convertê-los
em evidências de operações suspeitas. Não é difícil imaginar tanta eficiência.
Basta observar o desempenho do motor de busca Google ou aqueles e-mails
publicitários que parecem adivinhar nossos desejos. Ninguém está livre do Big Brother.
O escândalo da espionagem americana mostrou que os EUA conseguem ler todas as
mensagens do planeta (uma coisa assustadora). Agora, imagine uma tecnologia
dessas nas mãos do Fisco.
Uma
ou outra pessoa pode dizer que tudo isso é exagero, é ficção científica. Não,
para um volume significativo de empresas que diariamente são convidadas a
prestar esclarecimentos dos mais diversos tipos ou então intimadas a pagar
volumosas cifras por descumprimento de normas tributárias. Atualmente, o Fisco
conhece a empresa melhor do que o próprio dono. No momento em que SPED adquirir
um pouco mais de maturidade, o governo poderá acompanhar pari passu todos os
eventos patrimoniais de um contribuinte: se comprou, se vendeu; quanto, como,
para quem; se recebeu e todo o caminho percorrido pelo dinheiro. Detalhe: Tudo
feito de forma integrada e simultânea, com todos. Uma espécie de onipresença. Considerando-se
o que já existe disponível e utilizado por companhias mundo afora, isso é
perfeitamente factível.
O
que fazer diante desse quadro apocalíptico? Grosso modo, a saída passa pela
organização dos processos e integração de todas as áreas da empresa. Esse dito
conceito de integração vem sendo reforçado a cada novo projeto lançado pelo
governo. A Escrituração Contábil Fiscal (ECF) não é somente uma mistura de DIPJ
com Lalur, uma vez que ao mergulharmos na Lei 12.973/2014 iremos perceber uma
clara e inequívoca necessidade do Contador se conectar com toda a empresa para
conseguir escapar das penalidades resultantes de descumprimento legal. Outro
projeto ainda mais revolucionário e audacioso já está definido e prestes a
entrar em produção. Trata-se do eSocial, que promete invadir as empresas com a
força de uma onda tsunâmica.
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