terça-feira, 9 de junho de 2015

UM NOVO PARADIGMA SE AVIZINHA

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Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 09/06/2015 - A213

A velha mania do jeitinho e do improviso parece estar com os dias contados. Os bagunceiros e desorganizados serão obrigados a mudar radicalmente de postura com a chegada do eSocial, uma vez que esse programa governamental tornará síncrono e padronizado o conjunto de informações trabalhistas e previdenciárias transmitido aos órgãos competentes. Portanto, o momento de começar a arrumar a casa é agora; deixar para a última hora é a mais imprudente das atitudes. A recomendação do Consultor Luciano Feltrin inclui uma completa revisão das rotinas e dos processos da área de Recursos Humanos. De início, é necessário ter certeza de que os documentos dos empregados estejam plenamente atualizados. Por exemplo, é aconselhável passar um pente fino nas atualizações de sobrenomes, tais quais, solteiro X casado X divorciado etc. É preciso se debruçar nos detalhes de endereço, CEP, CPF, RG, data de contratação; atualização de férias, de salário, de dependentes etc.

Como já foi amplamente divulgado, o eSocial não tem como finalidade criar ou modificar normatizações trabalhistas, mas somente fazer valer o que já existe na CLT. Por incrível que possa parecer, o gigantesco desafio é simplesmente alinhar os eventos na ordem descrita pela legislação. O andamento do projeto eSocial acabou revelando que os órgãos de controle também tinham imensas dificuldades, tanto na observância das normatizações que eram sujeitos quanto na integração de informações entre outros agentes correlatos. Ou seja, os próprios entes governamentais utilizavam idiomas diferentes para conversar entre si (um não entendia o outro). Resumo da ópera, o poder público estava mais bagunçado do que as empresas. Por isso é que a coisa demorou tanto a engrenar. Essa situação ficou evidenciada no evento do dia 26/03/2015 na sede do Conselho Federal de Contabilidade com as empresas piloto e o comitê gestor do projeto. Nessa reunião, os representantes das empresas demonstraram estar bem mais ambientados com as minúcias do projeto eSocial do que os agentes do governo ali presentes. Mesmo assim, a equipe governamental é composta por técnicos plenamente qualificados para fazer a coisa toda acontecer.

Apesar da complexidade e da envergadura do projeto, a tendência é que as dificuldades sejam superadas, uma vez que o governo está apostando todas as fichas nesse empreendimento. Não é pra menos. Segundo o Consultor Vladimir Goitia, a Receita Federal prevê um aumento de pelo menos R$ 20 bilhões na arrecadação por ano com o sistema, que, por ser on-line, facilitará o cruzamento de quase 17 milhões de empresas e de cerca de sete milhões de empregadores domésticos. A movimentação de informações trabalhistas num único repositório do SPED possibilitará o cruzamento de uma infinidade de dados com a detecção de eventos sobrepostos, paralelos, duplicados ou conflituosos. Estando em pleno funcionamento, será possível desbaratar esquemas volumosos de fraudes e de desvios muito comuns atualmente. De imediato, o problema maior será lidar com o choque de realidade organizacional. O brasileiro não é habituado ao cumprimento rigoroso do texto da lei, até mesmo porque a nossa legislação é maluca.

Choque maior será o de gestão. Principalmente no que diz respeito a políticas mal elaboradas ou procedimentos mal desenhados de gestão de pessoas. Se tais elementos não forem trabalhados adequada e tempestivamente as empresas, principalmente as grandes, sofrerão com uma chuva de conflitos entre departamentos. Portanto, cabe aos gestores a missão de se antecipar às possíveis consequências negativas originadas do descaso com o projeto eSocial. O momento é de pensar estrategicamente e de desenvolver uma visão sistêmica de todos os processos operacionais da empresa e também de mapear a interação dinâmica de diversas variáveis que desembocam no setor de Recursos Humanos.

Quanto aos pequenos negócios, a dificuldade será mesmo a de acordar para a situação, visto que o termo eSocial ainda é para muitos um conceito nebuloso e distante da vida real. O eSocial não é um projeto relacionado somente à empresa X governo, uma vez que o protagonista da história toda é o empregado. É fato indiscutível que a maioria absoluta dos trabalhadores permanece mergulhada na mais completa ignorância sobre o assunto.



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