terça-feira, 2 de junho de 2015

CAPACITAR É SOBRESSAIR AO CONCORRENTE

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Reginaldo de Oliveira
Publicado no Jornal do Commercio dia 02/06/2015 - A212

Um estudo da Folha de São Paulo publicado domingo passado traz uma série de dados desanimadores sobre o impacto negativo da baixa qualificação profissional na economia do país. São necessários quatro brasileiros trabalhando intensamente para atingir o mesmo nível de produtividade de um norte americano. Esse estado de coisas evidencia um quadro preocupante de uma nação ansiosa por ingressar no clube das grandes potências. Segundo a reportagem, nossa média de estudo é de sete anos enquanto que nos EUA são de 12 a 13 anos. Isso, sem contar a expressiva diferença da qualidade do ensino. Para piorar nossa imagem, temos um dos mais baixos níveis de investimento em pesquisa e desenvolvimento tecnológico do planeta; as universidades estão sucateadas e abarrotadas de empecilhos que dificultam as atividades mais elementares. Outro fator destoante está relacionado à média de treinamento anual que recebe um trabalhador americano (140 horas) de um brasileiro (30 horas). Os problemas se acumulam, uma vez que outras variáveis ruins contribuem para baixar os nossos índices a níveis vergonhosos, tais quais juros altos, burocracia extremada, carga tributária extorsiva, corrupção sistêmica etc., etc. 

Tantas dificuldades só isolam o Brasil da comunidade internacional. Enquanto corremos atrás do próprio rabo nos engalfinhando com briguinhas e joguetes políticos, o resto do mundo se apressa na correção de entraves econômicos e sociais para angariar vantagens competitivas. Sofremos de um mal incurável, que é o apego a discussões infinitas que levam a lugar nenhum. Nossos políticos não decidem nada; juízes colam os glúteos em processos importantíssimos sobre os rumos do sistema político; corruptos debocham do povo em cerimônias de casamento etc. Com tantas engrenagens desalinhadas queremos mesmo assim arrotar a empáfia de termos feito a melhor copa da FIFA, a qual deixou uma conta gigantesca por aqui enquanto bilhões de reais viajaram diretamente para o bolso dos cartolas internacionais. Tantas atrapalhadas só serviram para mostrar ao mundo o quanto somos amadores no gerenciamento e no cuidado da coisa pública. No final das contas, a festa acabou; os convidados voltaram felizes para suas casas, mas os elefantes brancos ficaram por aqui na forma de monumentos ao desperdício dos impostos. E ainda estamos satisfeitíssimos. Vai entender uma coisa dessas!!

Voltando às vacas magras da capacitação profissional, segundo a Folha, o baixo nível profissional no Brasil é destacado pelo Pesquisador Fernando Veloso, da FGV/Ibre, como um dos mais graves problemas para uma economia que precisa crescer e aumentar o padrão de vida da população. Daí, que pelo menos nessa questão específica, temos o poder de fazer a diferença. A palavra de ordem é Capacitação Profissional intensiva. Toda empresa deveria incorporar o espírito do aclamado escritor Peter Senge e das suas proposições sobre as organizações do aprendizado. Ou seja, já que o sistema educacional regular não cumpriu com o seu papel, só resta então ao patrão terminar a construção desse profissional incompleto. O jeito é investir pesado num programa constante e abrangente de Treinamentos, Palestras, Oficinas, Jogos Educativos etc. Alguns céticos podem até achar um erro despender tanto dinheiro nesses projetos, mas aqueles dirigentes antenados estão encontrando nessas iniciativas a saída para a crise financeira. O raciocínio é muito simples: um empregado bem qualificado produz mais e com melhor qualidade. Ponto final. 

Portanto, o departamento ou sala de treinamento deve ser tão importante quanto o departamento comercial. Ou seja, toda empresa deveria dispor de uma sala de aula para ser utilizada com frequência. Todo evento educativo deixa marcas no aluno. Assim e aos poucos a equipe vai ganhando musculatura suficientemente forte para superar a concorrência. 

No jogo dos negócios ganha o mais bem preparado. Pensamento estratégico, visão sistêmica, atitudes firmes e domínio das próprias competências podem forçar as demais mudanças conjunturais que dependem dos agentes externos. É preciso começar com o primeiro passo.



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